Camelôs geram aglomerações e vendem produtos que passam de mão em mão

Renata Evangelista
rsouza@hojeemdia.com.br
10/05/2020 às 11:56.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:28
 (Lucas Prates/Hoje em Dia)

(Lucas Prates/Hoje em Dia)

Proibidos por lei, mas presentes nas ruas de Belo Horizonte, os camelôs tentam driblar a crise financeira, que ficou ainda mais evidente após o novo coronavírus. Porém, a atuação dos ambulantes é mais uma preocupação em meio à pandemia. Ocupando calçadas e capazes de gerar aglomeração de pessoas, eles oferecem produtos que, não raro, passam de mão em mão.

Flagrantes da presença dos toreros foram feitos no hipercentro, Alípio de Melo, Betânia, Barreiro e Venda Nova. Na maioria, a máscara de proteção, item obrigatório neste momento, é achada facilmente para compra. Apesar de estar sempre guardada em um plástico, há locais em que o cliente pode verificar o tamanho de uma amostra. 

Vale destacar que os ambulantes não deixam a pessoa colocar no rosto, mas ela pode pegar. A atitude, diz o infectologista Sidnei Rodrigues, é prato cheio para a transmissão da doença. 

“Na rua você está sendo exposto a todo tipo de sujeira e por aí pode estar a Covid-19, transmitida através de secreções respiratórias e também de objetos contaminados. Quem vende ou compra produtos na rua pode estar levando o coronavírus para casa e fazendo adoecer familiares que ama”, destacou o médico.

Prevenção

Integrante do comitê de combate à Covid-19 em BH, o infectologista Unaí Tupinambás lamenta que camelôs tenham que continuar se expondo ao perigo para garantir o sustento de casa. “Infelizmente, o isolamento social é um privilégio de classes. Pessoas que têm que ganhar a vida no dia a dia, e que não estão recebendo o auxílio do governo de forma adequada, têm que sobreviver. Nesses casos, o fundamental é reduzir os danos”, pontuou.

De acordo com os médicos, camelôs que se arriscam nas ruas devem usar máscaras e trocá-las a cada duas horas. Além isso, é essencial manter distância de dois metros dos clientes. As mesmas recomendações devem ser seguidas pelos consumidores. Em nenhuma hipótese as máscaras compradas na rua devem ser experimentadas antes de lavadas com água e sabão. Outros objetos também devem ser higienizados antes do uso. 

O ideal, conforme os infectologistas, é ficar em casa. Não sendo possível, a proteção deve ser seguida à risca para reduzir a transmissão do vírus e vencer a pandemia. “Todos deveriam estar protegidos do coronavírus, independentemente de sua condição financeira”, lamentou Rodrigues, ao cobrar iniciativas de apoio para as classe mais baixas.

Fiscalização

Em nota, a Prefeitura de BH disse que, desde a segunda quinzena de março, 2.064 agentes da Guarda Municipal têm se empenhado para coibir o comércio ilegal na cidade, para prevenção do novo coronavírus. O ambulante flagrado descumprindo a legislação tem a mercadoria apreendida e é multado em R$ 2.034,11. Antes mesmo da pandemia, a atuação de camelôs e toreros na capital era proibida pelo Código de Posturas.

Nem a PBH nem a Guarda Municipal informaram quantos ambulantes foram penalizados nos últimos dois meses.

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