(LUCAS PRATES)
O espaço precário, construído sob uma mangueira no cruzamento das avenidas Barão Homem de Melo e Silva Lobo, no bairro Nova Suíça, região Oeste de Belo Horizonte, está dando lugar a uma praça – e de movimentação intensa. A um mês do fim das obras, a Casa da Árvore, criada por moradores de rua e destruída por um incêndio no ano passado, já funciona como biblioteca comunitária.
Quem cuida do acervo é um dos antigos moradores, o cabeleireiro Kingler Douglas Rodrigues, de 43 anos. Ele passa o dia catalogando as doações. É possível encontrar de tudo: livros técnicos, enciclopédias, romances, revistas e literaturas brasileira e estrangeira. “Quantos têm aqui, eu já perdi a conta. Mas, em média, tenho recebido uns 70 por dia”, diz, enquanto separava as obras, que não paravam de chegar.
Doações
Durante os cerca de 30 minutos em que a equipe de reportagem do Hoje em Dia esteve na biblioteca, foram entregues dez livros. Cinco pessoas retiraram exemplares. O sistema não é de empréstimo, mas de doação e troca. “Todo mundo pode retirar um e ficar com ele. Mas, se quiser pegar mais, tem que trazer outro. E não precisa retornar com o que pegou de volta. Quando acabar de ler, é só passar para outras pessoas, fazendo os livros circularem”, explica Kingler Rodrigues.
Amante da leitura, a estudante de direito Júlia Castro, de 18 anos, conheceu a biblioteca nesta semana e ficou encantada com a iniciativa. “É legal, pois todos podem ter acesso. Quando você chega a uma livraria, é tudo muito caro. Aqui, qualquer pessoa pode pegar um livro”, disse.
Já o empresário Paulo Pedro Ferreira, de 50 anos, que é sócio de uma livraria, levou cerca de 20 obras para doação. “É uma iniciativa que democratiza a leitura. Conhecia desde a época da árvore e estou muito feliz de o local estar bem cuidado”, afirmou.Lucas PratesA estudante Júlia Castro conheceu a biblioteca e aprovou a iniciativa
Incêndio
Em 24 de setembro de 2017, após uma festa de movimentos sociais celebrando a biblioteca, houve um incêndio no espaço. O fogo destruiu os livros e até a árvore que os abrigava. Apesar de o Corpo de Bombeiros suspeitar de ação criminosa, a Polícia Civil ainda não concluiu as investigações.
Em março deste ano, a Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) começou as intervenções no local. Segundo o órgão, foram investidos R$ 55 mil. Além das estruturas para os livros, já instaladas, ainda serão plantadas mudas de árvores e grama.