Caso suspeito obriga autoridades a buscar 'não vacinados' para barrar sarampo

Bruno Inácio, Malú Damázio e Simon Nascimento
24/01/2019 às 21:23.
Atualizado em 05/09/2021 às 16:12
 (Carlos Bassan/Fotos Públicas)

(Carlos Bassan/Fotos Públicas)

Uma varredura para evitar a possível circulação do vírus do sarampo é feita em duas cidades da Grande BH. Até a noite de hoje, quem teve contato com um italiano de 29 anos, morador de Betim, e que se recupera de um provável quadro da doença na capital, terá o cartão de vacina conferido e, se necessário, será imunizado. O pente-fino também acontece em Juatuba, onde o jovem trabalha.

O procedimento é urgente, segundo as autoridades de saúde, pois a enfermidade é altamente contagiosa e pode matar. O Estado não registra transmissão interna do sarampo desde 1999, mas cerca de 8 milhões de mineiros estão desprotegidos. 

O número corresponde a pessoas com até 49 anos que não receberam a vacina. A recomendação é aplicar duas doses para quem tem até 29 anos e uma para os acima dessa idade. Maiores de 50 não precisam da imunização.

O alerta é ainda maior devido ao período de incubação do vírus. De acordo com o Guia de Vigilância Epidemiológica do Ministério da Saúde, o prazo é de dez dias. Conforme a Prefeitura de Betim, o italiano apresentou os primeiros sintomas em 18 de janeiro. “Provavelmente, ele deve ter contraído aqui no Brasil e, se isso se confirmar, reforça e muito a necessidade de proteção”, alertou o infectologista Unaí Tupinambás, professor da Faculdade de Medicina da UFMG.

Estado aguarda novo teste da Fiocruz; porém, até a tarde de ontem, a amostra não havia chegado ao laboratório carioca

Perigo

O paciente se mudou para Betim, no último dia 10. Antes, ele tinha viajado pela Croácia e Itália, na Europa. Como não soube informar se já havia tomado a dose contra a doença, o homem está isolado em um hospital particular de BH. “Em um ambiente fechado, o vírus permanece em circulação por até duas horas. Quem teve contato com alguma pessoa com sarampo deve se vacinar imediatamente, caso a proteção esteja vencida ou atrasada”, orientou Carlos Starling, presidente da Sociedade Mineira de Infectologia (SMI).

Resistência

O problema, segundo especialistas, está na resistência dos adultos. Coordenadora de Imunização da Secretaria de Estado de Saúde (SES), Eva Lídia Medeiros analisa que o cenário é histórico. “Na implantação do Programa Nacional de Vacinação, a estratégia era bem voltada para as crianças. Mas, hoje, existe o calendário para todas as faixas etárias”.

Segundo ela, a vacina está disponível em todo o território mineiro. “Em Betim e Juatuba, onde o paciente mora e trabalha, os agentes devem fazer o bloqueio vacinal, conferindo todas as cadernetas e imunizando quem estiver sem a dose comprovada”, reforçou Eva Lídia. 

Conforme a SES, essas ações, que devem ser realizadas em até 72 horas após a notificação da suspeita – neste caso ocorrida na última quarta-feira, – foram iniciadas antes das confirmações laboratoriais. A pasta destaca que o diagnóstico definitivo aguarda análise da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro. Para a SES, o paciente, caso tenha o quadro de sarampo confirmado, foi infectado fora do país. 

Em Betim, a prefeitura confirmou o bloqueio vacinal. Já a administração municipal de Juatuba não manifestou.Editoria de Arte

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