Acidentes Domésticos

Casos de ingestão de objetos por crianças ocupam 3º lugar nos atendimentos do Hospital João XXIII

Da Redação*
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30/01/2023 às 15:20.
Atualizado em 30/01/2023 às 15:21

Durante as férias, com a maior presença das crianças dentro de casa, é preciso redobrar a atenção em relação aos acidentes domésticos. Uma das ocorrências mais frequentes é a que envolve “corpos estranhos”, quando um objeto ou substância é ingerido ou colocado pela criança nas narinas ou ouvidos, como moedas, peças de brinquedos e tampas de garrafas.

De acordo com a Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais  (Fhemig), o atendimento pediátrico mais comum no Hospital João XXIII é justamente o relacionado a corpos estranhos. Esse tipo de ocorrência foi o terceiro mais frequente no ano passado na unidade hospitalar, ficando atrás apenas de quedas e acidentes de trânsito envolvendo motoqueiros. O hospital atendeu 4.315 casos de acidentes com corpos estranhos em 2022. Do total, 1.382 pacientes eram crianças de 0 a 5 anos.

Como lembra o gerente médico do Complexo Hospitalar de Urgência e Emergência da Rede Fhemig, Rodrigo Muzzi, crianças em idade pré-escolar são as que mais têm curiosidade em colocar as coisas na boca.

Segundo o profissional, alguns objetos merecem atenção especial, pois são mais perigosos em caso de ingestão e devem ser mantidos longe do alcance dos pequenos. “Peças pequenas e pontiagudas, como pregos e parafusos, são fáceis de serem engolidas e podem causar perfurações no esôfago, estômago e intestino da criança. Já objetos maiores, de plástico, podem ficar entalados e causar engasgos, devendo ser manuseados sempre com a supervisão de um adulto”, explica o especialista.

Pilhas e baterias também costumam ser engolidas pelas crianças, por serem pequenas e disponíveis dentro de brinquedos. Conforme Rodrigo Muzzi, esses materiais são muito perigosos . “Em contato com o suco gástrico, a bateria gera uma corrente elétrica que pode causar queimaduras nos órgãos internos”. Além de conterem produtos químicos extremamente tóxicos.

Vias aéreas
Apesar de os objetos introduzidos no nariz e nos ouvidos causarem danos menores, eles podem ser esquecidos caso os pais não percebam, gerando infecções, alerta a Fhemig.

Já os grãos como castanhas, milho de pipoca, feijão cru e amendoim oferecem maior risco caso sejam aspirados (entram nas vias aéreas). Nesse caso, o corpo estranho obstrui a entrada e a saída do ar causando asfixia;  e, se ele vai para o pulmão, a gravidade é ainda maior, porque pode causar inflamações e até pneumonia por aspiração.

“A imaturidade da criança pode fazê-la se engasgar com mais facilidade e aumentar o risco da aspiração ao invés da ingestão. As vias aéreas são menores, isso significa que o corpo estranho tem um impacto maior, com asfixia mais grave do que em crianças maiores.”, explica o pediatra André Marinho, do Hospital João XXIII.

O médico lembra que a cozinha é o local mais perigoso da casa. “Alimentos devem estar distantes e em altura segura”, completa. Ele sugere, inclusive, que adultos não manipulem perto de crianças muito pequenas os alimentos passíveis de aspiração.

O que fazer?
Caso ocorra um acidente com corpo estranho, os pequenos devem  ser imediatamente levados ao pronto-socorro. Segundo André Marinho, caso os pais observem a criança dando sinais como dor no tórax, vômitos, salivação excessiva, mesmo sem terem visto o que aconteceu, também devem procurar o serviço médico mais próximo.

Em caso de ingestão de pilhas e baterias, não se deve oferecer leite ou qualquer outro líquido. “Também não é recomendado tentar remover os objetos engolidos com as mãos, a não ser que ele esteja bem visível na boca, pois o risco de empurrar ainda mais fundo e piorar a obstrução é muito alto”, ressalta o pediatra.

(*) Com Agência Minas.

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