(Ricardo Bastos)
Faltando nove dias para o fim de outubro, choveu apenas 15% do esperado para todo o mês na Grande BH e na região Central do Estado. Apesar de o índice ser considerado muito baixo por serviços de meteorologia, a Copasa garante que não há risco de racionamento de água em Belo Horizonte e região metropolitana.
Após a vazão do rio das Velhas, principal fonte de captação da capital, cair pela metade, a empresa chegou a negociar a abertura de comportas das represas da mineradora AngloGold Ashanti. A medida, preventiva, foi suspensa nessa terça-feira (21), pois o curso d’água estaria com o nível normalizado.
Mesmo com a garantia da companhia de que o abastecimento não está prejudicado, o clima é de apreensão entre alguns consumidores. Moradores de bairros da região Oeste, como o Buritis, sofrem com interrupções frequentes.
O desabastecimento teria virado rotina, conta o casal Zaime Romeu e Fátima Gottschalg, moradores da rua Trombetas. “Acho que está tendo um racionamento velado por conta da falta de chuva. Na parte da tarde, não entra água da rua na caixa”, afirma Fátima.
Segundo ela, falta água nas torneiras da casa. A Copasa negou o corte de água ou racionamento, relata a moradora. Depois, teria alegado um problema de pressão na bomba-d’água da rua. “A saída é a gente economizar”, recomenda Zaime.
INTERNET
O temor se alastra também pelas redes sociais. Internautas têm usado o Facebook, Twitter e o WhatsApp para relatar supostos casos de racionamento. Um deles acredita que o pior ainda está por vir. “Esse racionamento de água vai dar muita dor de cabeça ainda”, postou.
O superintendente de Produção e Tratamento de Água da Copasa, Nelson Guimarães, informou que a chuva dos últimos dias foi suficiente para que os níveis de captação de água no rio das Velhas voltassem ao normal. “A produção está na capacidade máxima, e com segurança”, disse.
Segundo ele, as reclamações de consumidores podem ser casos isolados e pontuais. “Cada fato precisa ser analisado separadamente. Pode ter sido um ato de vandalismo, como o que ocorreu no início do mês em uma de nossas centrais, ou até mesmo uma obra na rua”.
Atualmente, a Copasa aumentou a produção média de água em 5% e trabalha com a capacidade máxima, de cerca de 1,3 bilhão de litros/dia, o que tem garantido o abastecimento nas cidades atendidas pela empresa na região, informou a empresa.
Reclamação sobre corte no abastecimento é comum na cidade
Além do bairro Buritis, na região Oeste, há reclamações sobre a interrupção do fornecimento de água também em outros pontos da cidade. Muitos tendem a concluir que o motivo é a estiagem prolongada.
No Planalto, na região Norte, falta água pelo menos em um dia da semana, de acordo com relatos de moradores. A presidente da associação comunitária do bairro, Magali Ferraz, confirma que, nas imediações da Igreja da Paz, na parte alta do bairro, a maioria das residências fica sem água nas torneiras uma vez a cada sete dias.
A líder comunitária disse que já procurou a ouvidoria da Copasa para sugerir que a empresa adote o racionamento em Belo Horizonte. A medida, segundo ela, deveria ser antecedida de uma ampla campanha de divulgação, para conscientizar as pessoas que continuam desperdiçando.
“Minha sugestão é fazer um racionamento de prevenção. Assim, as pessoas vão ter mais cuidado com a água. A Copasa pediu prazo de 15 dias para dar uma resposta”, conta Magali.
Ela não deixa a economia de lado. Costuma recolher a água para reúso, inclusive da pia. “Nem todo mundo faz isso, muita gente sem consciência não enxerga a nova realidade”.
O advogado Wilson Ferreira Campos, assessor jurídico do Movimento das Associações de Moradores de Belo Horizonte, afirma que mais de uma dezena de bairros sofre com o racionamento, mas não soube citar quais. Ele disse que a entidade ainda não previu nenhuma ação judicial contra a Copasa por conta do suposto desabastecimento.
FIQUE POR DENTRO
Abaixo da média
Segundo o Centro de Climatologia PUC Minas TempoClima, até o momento, choveu 18 milímetros na região Central de Minas. O índice equivale a 15% da média histórica de outubro, que é de 116 milímetros.
A situação se repete em Belo Horizonte e região metropolitana. Na Grande BH, as pancadas dos últimos dias renderam 20 milímetros – 16% dos 123 milímetros previstos para o mês. As chuvas foram mais intensa na capital e nas cidades de Ibirité, Betim e Contagem.