Após dois anos de seca, a expectativa de um volume de chuva de 220 mm no último trimestre do ano coloca em alerta os moradores de áreas de risco de Belo Horizonte e Região Metropolitana. Hoje, cerca de 2,1 mil edificações estão em risco alto de deslizamento. A situação é mais grave no Taquaril, na região Leste, nos aglomerados da Serra e Santa Lúcia, na região Centro Sul, no Jardim Alvorada, na região da Pampulha, e no Aglomerado Beira Linha e Conjunto Paulo VI, na região Nordeste. Ao todo, são 215 vilas, favelas e conjuntos habitacionais populares, onde moram 451 mil pessoas, o equivalente a 19% da população da cidade, segundo o Diagnóstico da Situação das Áreas de Risco Geológico das Vilas e Favelas de Belo Horizonte.
O volume de chuvas para o final de 2016, na verdade, está dentro da média histórica para o trimestre. Em 2015 e 2014, o índice de 134,7 mm, que se repetiu nos dois anos, foi mais de 30% inferior ao esperado. Desde 2003, BH não registra mortes em decorrência de deslizamento.
Além de ocupação irregular de terrenos impóprios para construção de moradias, o problema é agravado por obras realizadas durante o período de seca, que potencializam os riscos de desmoronamento. Francisco Cursino Filho é morador da Vila Fazendinha, na Região Centro Sul de BH. Ele atua há 13 anos como voluntário parceiro da Urbel na vila onde mora e no Aglomerado da Serra, que inclui as vilas Cafezal, Marçola, São Lucas, Nossa Senhora de Fátima, Nossa Senhora Aparecida e Nossa Senhora da Conceição. Ele relata que, apesar da orientações, muitos moradores seguem com as obras irregulares. "Eles são notificados, mas é só a fiscalização virar as costas que eles continuam. Estamos lutando contra isso. É seríssimo", desabafa.
A diretora de Manutenção e Assistência Técnica da Urbel, Isabel Volponi, explica que os moradores que são flagrados escavando encostas ou cometendo irregularidades são notificados e orientados sobre os riscos daquela ação. Só depois eles podem ser multados. O foco está na identificação das famosas rachaduras e do excesso de peso causado pela construção desordenada. "O poder público não consegue estar em todo o lugar, por isso é importante a autoproteção", afirma". PBH/Urbel
A PBH, informou que desenvolve, durante todo ano, um trabalho preventivo por meio das ações do Programa Estrutural em Área de Risco (PEAR). Elas consistem em vistorias, monitoramento, remoção de famílias, obras como muros de contenção, escadarias de acesso, impermeabilização de lajes e encostas, canaletas de drenagem e pavimentação de becoss, além da capacitação dos 420 voluntários dos Núcleos de Defesa Civil existentes nas vilas e 411 voluntários dos Núcleos de Alerta de Chuva.
De janeiro até outubro, foram realizadas 1.458 vistorias em moradias nas vilas e favelas. As famílias removidas são abrigadas ou reassentamento. Elas ainda recebem pelo Bolsa Moradia um auxílio aluguel de R$ 500,00 para mudar para outro imóvel. No caso da remoção definitiva, o benefício é garantido até o reassentamento definitivo da família numa unidade habitacional construída por intermédio do Programa Minha Casa, Minha Vida.Leia mais:
Alerta de chuva forte para o feriado prolongado em Minas
Temporal causa prejuízo em Juiz de Fora, na Zona da Mata
Muro desaba e interdita apartamento no Buritis