(Reprodução WhatsApp)
Pegar estrada requer atenção redobrada dos motoristas nos próximos dias. Além dos conhecidos obstáculos nas pistas, como buracos, deformações no asfalto e sinalização deficiente, as chuvas potencializam os riscos. Há pelo menos dez rodovias federais e estaduais interditadas devido aos temporais e outros 29 trechos com restrições de tráfego.
A situação é pior nos acessos a cidades da Zona da Mata mineira. Na região, a mais atingida pelas precipitações no Estado, são pelo menos sete pontos com interdições. Na MG-329, entrada para Rio Casca, o asfalto cedeu e uma cratera se abriu, impedindo a passagem de veículos no km 93. Perto do município, duas pontes foram carregadas com a água.
O temporal por lá também fez com que o rio São Domingos, em Lajinha, transbordasse e partisse ao meio a pista da MG-108, no km 221. Já em Muriaé, uma tempestade provocou deslizamento de rochas na BR-116.
Armadilhas
Para quem se desloca rumo à região Leste de Minas e litorais, como o Espírito Santo, a BR-381, que liga BH a Vitória, também oferece perigo. Na divisa entre a capital e Sabará, na região metropolitana, o asfalto precário desafia os motoristas. Quando chove, as poças escondem vários buracos. Para o caminhoneiro João Carlos do Carmo o trecho é um dos mais arriscados. “O asfalto é péssimo, mal sinalizado e ainda temos que ficar atentos com a imprudência de outros motoristas no trânsito”, diz.
Doutora em segurança viária, Karla Rodrigues reforça a necessidade de manutenções constantes. Ela lembra que as laterais das vias devem passar por obras ainda no período de seca, para a construção de barreiras. “O que percebemos é que isso não acontece com frequência e a água e a terra descem abundantemente. Com as chuvas, os trechos se tornam ameaças à segurança do motorista”, diz ela, que é professora do departamento de engenharia de transporte do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet).
Investimentos
O Departamento de Edificações e Estradas de Rodagem de Minas Gerais (DEER–MG) afirma que o orçamento anual para a manutenção das rodovias estaduais foi de R$ 702 milhões. O órgão informou que realiza plantão de manutenção durante o período chuvoso para atender às ocorrências, como queda de barreiras, erosões e rompimento de pista.
Responsável pela administração das estradas federais, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) disse que 95% das rodovias no Estado têm contratos de manutenção. O investimento anual no território mineiro é de cerca de R$ 500 milhões.Renato FonsecaNa BR-381, entre BH e Sabará, o asfalto é precário e há vários buracos na pista
Estradas na saída de BH também escondem armadilhas
Amanhã é feriado em Belo Horizonte. Para quem pretende viajar, rodovias que cortam a capital também escondem armadilhas. Além da BR-381, a malha estadual apresenta falhas em outros locais, como a MG-020, principal rota de acesso à região Norte da capital e a Santa Luzia e Jaboticatubas, na Grande BH.
A estrada fica tomada de lama em alguns pontos sempre que chove. No trecho, de apenas cinco quilômetros, a terra de um morro na altura do bairro Tupi invade a pista.
Entre Pedro Leopoldo e BH, na MG-424, próximo ao distrito de Lagoa dos Mares, a água da chuva não tem onde escoar e os temporais causaram um deslizamento de terra. Faltam estruturas de contenção nas bordas da pista para evitar o desmoronamento.
Segundo o DEER, a lama na MG-020 é causada pela falta de infraestrutura e pavimentação das ruas próximas. O órgão realiza constantemente a limpeza da via. Um novo serviço deve ocorrer hoje. Sobre a MG-424, uma vistoria será programada para avaliar as condições do pavimento e da sinalização. A limpeza estava prevista para ontem.
Medidas simples podem contribuir para viagem segura
Motoristas devem adotar alguns procedimentos para garantir a segurança durante a ocorrência de chuvas nas estradas. A água pode esconder buracos, tornar a pista mais escorregadia e prejudicar a visibilidade.
Manter a revisão do carro em dia é a primeira medida a ser tomada. “O condutor não deve entrar na estrada com pneus em meia-vida, porque há sempre o risco de aquaplanar”, diz o engenheiro de transporte e trânsito Márcio Aguiar.
Viagens à noite devem ser evitadas. A baixa iluminação agrava o risco em estradas com sinalização precária. “O motorista tem que andar com os faróis de neblina ligados. Assim, ele consegue ver melhor e ser visto por outras pessoas que estão na estrada”, acrescenta Aguiar. Verificar o funcionamento do limpador parabrisas e o dispositivo de desembaçar os vidros também é importante.
“Se for viajar à noite, as condições são ainda piores. Por isso, é importante reduzir a velocidade e aumentar a distância em relação ao veículo da frente”, afirma o chefe da comunicação social da Polícia Rodoviária Federal (PRF) em Minas, Aristides Júnior. Ele destaca que, com as chuvas, qualquer rodovia oferece perigo.Editoria de Arte