A Prefeitura de Belo Horizonte está avaliando mais de 40 projetos de seu Plano de Redução de Gases de Efeito Estufa. A informação foi transmitida aos participantes do Seminário Meio Ambiente e Cidadania, realizado pelo Hoje em Dia e pela Rede Record Minas.
As principais ações previstas nesse plano estão voltadas para a promoção de energia solar, ao estímulo da eficiência energética, ao tratamento adequado do lixo e à substituição de combustível no transporte público. Com isso, espera-se reduzir em 20% a curva de crescimento da emissão de gases poluentes.
Participantes do seminário discutiram as causas do aquecimento global. É um assunto polêmico. A maioria dos cientistas parece concordar que a ação dos homens contribui fortemente para o problema, enquanto outros acham que essa ação é ínfima diante das causas naturais. Porém, ao fim do debate, ficou claro para a grande maioria que as práticas humanas consideradas sustentáveis contribuem para que todos tenham mais qualidade de vida.
Nesse aspecto, é relevante a observação de um dos palestrantes, o escritor Amyr Klink, navegador mundialmente conhecido, de que é inconcebível construir um veículo que pesa 1.500 quilos para transportar uma pessoa que pesa 80 quilos, numa cidade como Belo Horizonte. É uma crítica correta ao uso do automóvel como principal meio de transporte urbano, e tem relação com este dado: nos últimos 13 anos, a principal fonte emissora de gás de efeito estufa, em Belo Horizonte, tem sido a gasolina usada pelos automóveis.
Nas três páginas dedicadas pelo jornal na edição de quinta-feira (13) à cobertura do seminário, nada se diz sobre a proposta da prefeitura de construção de cinco estacionamentos subterrâneos na área central de Belo Horizonte, inclusive ao lado da Praça 7. Não houve tempo, certamente, para que entrasse na pauta das discussões. Só no começo desta semana a prefeitura iniciou a consulta pública.
A prefeitura pretende criar 2.354 vagas para veículos, com investimentos de mais de R$ 1 bilhão, a serem feitos pelos vencedores da licitação que, em troca, poderão explorar os estacionamentos por 30 anos. Nesse período, pelo que se presume, estará assegurado o trânsito de automóveis no centro da cidade.
É um engessamento do planejamento urbano que parece se movimentar na contramão do que ocorre em cidades como Londres e Nova York.
Essas cidades, há alguns anos, vêm restringindo, com sucesso, o uso do automóvel.