Celebração do Ofício das Trevas em Sabará (Prefeitura de Sabará / Divulgação )
Tradições religiosas seculares que marcam a memória e a cultura de Minas voltam às cidades históricas, depois de dois anos sem celebrações ou de eventos virtuais por causa da pandemia.
Em Sabará, na região metropolitana, a tradição do Ofício da Trevas atravessa gerações em comunidades religiosas, sempre às quartas-feiras da Semana Santa.
É uma oração conjunta entre os fiéis, com salmos litúrgicos e reflexões sobre as dificuldades vividas por Jesus Cristo em seus últimos dias de vida.
A celebração acontece nesta quarta (13), após a missa na igreja matriz de Nossa Senhora da Conceição, que começa às 19h, e da procissão de Nossa Senhora das Dores.
Celebração do Ofício das Trevas em Sabará (Prefeitura de Sabará / Divulgação )
Procissão de Nossa Senhora das Dores em Sabará (Prefeitura de Sabará / Divulgação)
De volta à igreja, os fiéis contemplam o candelabro com 15 velas denominado tenebrário. Elas representam os onze apóstolos, as três Marias e a Virgem Maria, ou seja, aqueles que acompanharam Jesus.
Durante a atividade litúrgica, as luzes da igreja e as velas vão se apagando aos poucos. Ao chegar à última, canta-se o Miserere (Salmo 50/51) e o círio fica escondido atrás do altar, simbolizando a entrada de Jesus no túmulo e a permanência da Igreja à espera da Luz que surgirá na Vigília Pascal.
O barulho da matraca, instrumento antigo com som forte e seco, incomoda os fiéis. O ruído forte simboliza os tormentos que se abateram sobre a natureza, após a morte de Jesus. O objetivo é fazer com que todos sintam o sofrimento e as dores de Cristo.
“Então Jesus, clamando novamente com voz poderosa, entregou seu espírito. Imediatamente, o véu do Templo rasgou-se em dois, de alto a baixo, a terra estremeceu, as pedras se partiram e os túmulos foram abertos. Muitos corpos de santos que haviam morrido foram ressuscitados e, saindo dos túmulos depois que Jesus ressuscitou, entraram na Cidade Santa e apareceram a muitas pessoas”. (Mateus 27, 50-53)
Apenas velas iluminam a igreja no Ofício das Trevas (Pref. Sabará/ Divulgação)
São João Del Rey
São João del-Rei também preserva rituais e tradições litúrgicas de cerca de 300 anos. São costumes que permaneceram mesmo depois do Concílio Vaticano Segundo, por estarem profundamente arraigados à memória e ao cotidiano da cidade.
A cerimônia da Quarta-feira das Trevas também é mantida na cidade histórica cidade e acontece após a última missa na Catedral Basília do Pilar, celebrada pelo padre Geraldo Magela.
Durante três horas, o bispo guia as orações da assembleia enquanto o candelabro de quinze velas é aceso no altar na Capela-mor.
À medida que a cerimônia avança, um acólito, que é o ajudante do sacerdote, vai apagando uma a uma as velas do tenebrário, até que reste apenas uma - a que representa Cristo.
Este é o momento em que as luzes da igreja se apagam e os fiéis batem os pés no chão, lembrando o evangelho de São Matheus, que fala de um terremoto, que teria havido nessa hora, como se natureza tivesse manifestado sua tristeza pela a morte do Filho de Deus.
Depois desse momento, a vela acesa, volta a ser colocada e todas as luzes da igreja são acesas. Para os fiéis, a luz representa a presença de Cristo.
Você confere a programação da Semana Santa em São João del-Rei que tem sido registrada e compartilhada nas redes sociais pelo projeto Mapa do Patrimônio, que organiza e populariza informações sobre os bens materiais tombados e imateriais registrados na cidade. Para saber mais, clique aqui.