Cidades improvisam a função de agente de endemia

Patrícia Santos Dumont - Hoje em Dia
01/03/2016 às 07:16.
Atualizado em 16/11/2021 às 01:37
 (Leonardo Morais)

(Leonardo Morais)

Municípios mineiros em alerta ou em situação de alto risco para surto de dengue têm se virado como podem para controlar o avanço da doença. A falta de recursos para contratação de agentes de endemia deixa as cidades ainda mais vulneráveis. Muitas prefeituras improvisam, remanejando funcionários de outros setores.

Em Bom Despacho, por exemplo, no Centro-Oeste, 86 agentes de saúde foram “emprestados” para as ações específicas de vigilância do Aedes aegypti. Ao todo, a equipe designada a essa função soma 141 funcionários. Quantidade que, na avaliação do prefeito Fernando Cabral, é insuficiente.

“Tivemos um aumento considerável de agentes de endemia, de 25, em outubro do ano passado, para os 55 atuais. Ainda assim, não é uma quantidade satisfatória. A situação é muito grave. O mosquito já avançou para áreas onde não costumava chegar”.

Incertezas
 
Não há data para o atendimento da demanda. Segundo Cabral, um processo seletivo foi realizado neste ano, mas o município não tem recursos para contratação imediata. “Só falta a verba do governo estadual. Enquanto isso, vamos buscando alternativas. Descobrindo um santo para cobrir o outro”.

Bom Despacho é uma das três cidades mineiras – ao lado de Governador Valadares (Vale do Rio Doce) e Pará de Minas (Central) – com maior índice de infestação pelo Aedes.

A Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) informou que a negociação de verba para a contratação de agentes de combate a endemias é feita diretamente com o governo federal. Já o Ministério da Saúde alegou que o custeio é feito por meio do Piso Fixo da Vigilância, repassado aos estados.

Só até abril

Em Ubá (Zona da Mata), uma dos cinco municípios de Minas que concentram a maioria dos casos de dengue neste ano, os recursos disponíveis para pagamento dos agentes recém-contratados devem durar até abril.

“Temos 50 agentes de endemia, 30 com contrato de 90 dias. Depois disso, se não houver um novo aporte, não sabemos como ficará a situação”, explica o secretário de Saúde do município, Cláudio Ponciano.

Ubá tem, até o momento, 2.470 casos de dengue sendo investigados.

Na região Metropolitana de Belo Horizonte, Sabará, que declarou situação de emergência em dezembro último, tem agentes de endemia em quantidade inferior ao que preconiza o Ministério da Saúde.

Somente 20 servidores atuam no combate à dengue. Outros 15 devem ser contratados para compor o quadro. “Só depende do recebimento de recursos”, argumenta a gerente do Centro de Controle de Zoonoses do município, Munique Guimarães.

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