Coleção feita com ajuda de presas conquista prêmio no Minas Trend Preview

Da Redação
horizontes@hojeemdia.com.br
12/10/2017 às 20:09.
Atualizado em 02/11/2021 às 23:12
 (Dirceu Aurélio/SEAP)

(Dirceu Aurélio/SEAP)

Uma pequena confecção instalada no Complexo Penitenciário Feminino Estevão Pinto, em BH, começa a colher os frutos de um trabalho desenvolvido há dois meses. Quatro presas aprenderam a costurar e ajudaram a fundar a Coleção Vida, da recém-lançada Libertees, criada pela empresária Marcella Mafra.

A marca foi convidada para participar da 21° edição do Minas Trend Preview, na capital. O evento é considerado um dos principais da moda no país. A confecção conquistou o terceiro lugar no concurso Ready to Go, que revela novos trabalhos.

Nenhuma das quatro detentas havia sequer tocado em uma agulha antes de entrar na penitenciária. Alessandra Frade, que trabalha há mais de 20 anos com confecção, é a encarregada da marca na unidade prisional. Ela destaca que, no início, teve receio de ir ao local, mas o medo mudou completamente já no primeiro dia.

“Elas aprenderam muito rápido, me surpreendi. A pessoa tem que querer aprender, vejo nelas muita vontade, muitas falam que, quando sair, vão investir e continuar trabalhando nessa área”.

Para as presas, Alessandra é o coração da confecção e a Marcella Mafra, o cérebro. Quando falam da empresária, elas só sabem agradecer a oportunidade. Tatiana Silva*, de 28 anos, fez questão de dizer o quanto ganhar essa chance foi importante.

“A Marcella foi a única que nos estendeu a mão, não se preocupou com o nosso crime e nem com que os outros iam falar. Somos muito gratas, e é por isso que a gente gosta tanto de se empenhar no trabalho e mostrar que merecemos esse voto de confiança”, conta a presa.

Encantada

A subsecretária de Humanização do Atendimento da Secretaria de Administração Prisional (Seap), Emília Castilho, compareceu ao Minas Trend Preview e diz que ficou encantada.

“Estar presente em traços e cores no maior evento de moda de Minas, grande gerador de emprego no Estado, demonstra que a Seap está empenhada na busca de ressocialização dos indivíduos privados de liberdade, sendo de extrema importância a parceria com a iniciativa privada para enfrentar esse desafio”, afirma Emilia.

* Nome fictício

Além disso

A empresária Marcella Mafra contou com a ajuda de mais três sócias, Sabrina Mafra, Daniela Queiroga e Andréa Aquino, para dar vida à marca. Todas dizem acreditar na ressocialização e na capacidade transformadora do trabalho. “A nossa roupa não é só um produto, é um caminho de reinserção social”, afirma Daniela.

Andrea, estilista da Libertees, relata que o nome da coleção foi pensado nesse nascimento, inicio de tudo. “É o começo de uma era, idealizamos as peças em cima do universo das T-Shirts, são roupas com estrutura mais simples e confortáveis, sem gênero, que valorizem as estampas. Escolhemos cinco desenhos que retratam o cotidiano delas para compor a coleção”.

Marcella explica que a empresa visa contribuir para a qualificação profissional das detentas, preparando-as para a vida em liberdade. A Libertees tem também como objetivo sensibilizar e incentivar outros empresários a trilharem o mesmo caminho. “Acreditamos que atitudes como esta contribuem para a melhoria da qualidade de vida das internas e para a diminuição da reincidência no mundo do crime”, conta Marcella.

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