(Frederico Haikal)
Imprudentes e alheios à fiscalização, motociclistas de Belo Horizonte colocam em risco a vida de quem mais busca segurança: pedestres que usam passarelas. Pessoas que andam pelos elevados da capital são obrigadas a dividir o estreito espaço com os veículos de duas rodas.
O uso das passarelas como “viadutos” para encurtar viagens dá sequência à série de matérias do Hoje em Dia sobre incivilidade no trânsito. O retorno ilegal é considerado infração gravíssima. A multa é de R$ 574 e o motorista perde sete pontos na Carteira Nacional de Habilitação (CNH).
Apesar dos flagrantes diários, concentrados sobretudo no Anel Rodoviário, a severa punição imposta pelo Código de Trânsito Brasileiro (CTB) só foi sentida no bolso por 71 motociclistas no ano passado. O número se refere à quantidade de multas emitidas. Em 2012, foram 96 autos de infração. Os dados são considerados “extremamente baixos” pela própria polícia.
“Temos total consciência de que a maioria das irregularidades acontece no Anel. Porém, é impossível colocar uma viatura em cada uma das passarelas. Há outras prioridades, como os acidentes envolvendo os próprios motociclistas. Essa é uma questão de educação que deve ser tratada pelos governantes. Não basta só fiscalizar e punir os infratores”, afirma o tenente Geraldo Donizete, da Polícia Militar Rodoviária (PMRv). A unidade é responsável pelo policiamento da via.
Ao longo dos 26 quilômetros do Anel Rodoviário há 23 passagens elevadas. As principais irregularidades acontecem nas imediações dos bairros Madre Gertrudes, próximo ao trevo da avenida Amazonas, e no São Francisco, perto da avenida Antônio Carlos. As motos trafegam nos locais proibidos em alta velocidade e em plena luz do dia.
“A passarela deveria oferecer segurança, mas aqui, muitas vezes, acontece o contrário”, reclama o vendedor Otávio Augusto Pena, de 24 anos, morador do São Francisco. Para ir ao trabalho, ele precisa passar pela estrutura de concreto existente no bairro e confirma que os atos de desrespeito são diários.