Provas do Enem acontecem em todo o país no próximo domingo (3) e em 10 de novembro (Wilson Dias/ABr)
O Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) – instrumento que mede a aprendizagem dos alunos do último período da faculdade – passará por mudanças em 2016. A prova será anual e on-line, conforme divulgado nessa sexta (18) pelo ministro da Educação, Aloizio Mercadante.
Assim que as alterações forem colocadas em prática, as notas dos acadêmicos na avaliação serão incluídas no histórico escolar. A pontuação poderá ser levada em conta nos processos seletivos para pós-graduações – proposta que ainda será discutida em audiência pública.
Com a medida, o MEC espera reduzir os índices de abstenção no Enade e dar fim aos boicotes frequentemente feitos por alunos.
Análise
Na opinião do consultor em educação Júlio Furtado, do Rio de Janeiro, as ações apresentadas pelo MEC são bem-vindas. “Acredito que, até então, o exame não era anual por uma questão de logística. É muito difícil aplicar uma prova para tantos alunos de uma vez. No entanto, a internet pode resolver esse problema”.
O maior ganho, no entanto, está na possibilidade de transferir para o estudante a responsabilidade por uma nota ruim no Enade. “Já vi jovens usando o teste como barganha. Eles ameaçavam deixar a prova em branco caso a instituição de ensino não atendesse alguma reivindicação”, diz o especialista, que foi reitor universitário.
Como resultado, muitas graduações já receberam notas ruins no Conceito Preliminar de Cursos (CPC), método que mede a qualidade do ensino a cada três anos e que tem o Enade como um dos critérios de maior peso.
Avaliação dos cursos
Aliás, o resultado do CPC de 2014 de quase 7 mil cursos superiores do Brasil também foi divulgado nessa sexta (18). Além do Enade, o indicador avalia a infraestrutura das graduações, formação dos professores, entre outros itens.
Em uma escala que vai até 5, mais de cem cursos mineiros receberam conceitos 1 e 2, considerados insatisfatórios pelo MEC. Onze deles estão na capital.
Como “punição”, as faculdades ficam impedidas de aumentar o número de vagas para essas graduações. As sanções são mais severas para as que repetiram o desempenho ruim no CPC de 2011: os vestibulares são suspensos e, em alguns casos, as escolas passam por um processo de supervisão da União.
Segundo a assessoria de imprensa do MEC, nos próximos dias será divulgada a lista de escolas que receberão medidas cautelares.
Universidades
Odesempenho das instituições de ensino superior em 2014 também foi anunciado ontem. Nenhuma faculdade mineira analisada no ano passado recebeu nota insatisfatória. E três universidades federais – a de Minas Gerais, Viçosa e Lavras – se destacaram ao alcançar a pontuação máxima no Índice Geral dos Cursos (IGC), que mede a qualidade das escolas.
Para a vice-reitora da UFMG, Sandra Goulart Almeida, o resultado já era esperado. “Desde a primeira avaliação, em 2007, temos conseguido esse destaque”, ressalta. Um dos motivos é a avaliação que a própria escola faz do serviço oferecido.
“Independentemente do MEC, fazemos um estudo de como está nossos cursos, nossa estrutura e currículo. Quando julgamos necessário, investimos em melhorias visando dar o melhor ensino aos nossos alunos”.
Onze graduações de instituições da capital receberam nota insatisfatória
As onze graduações de Belo Horizonte que receberam nota insatisfatória no Conceito Preliminar de Curso (CPC) são: matemática, da Faculdade Pedro II; pedagogia, da Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas de BH, música e artes visuais da Universidade Estadual de Minas Gerais (Uemg), engenharia civil e música, do Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix; engenharia mecânica e engenharia de produção, da Faculdade Pitágoras; e pedagogia e engenharia de telecomunicações, da Universidade Fumec. Para comentar a avaliação, a reportagem do Hoje em Dia procurou a assessoria de imprensa da Uemg, mas nenhum representante do órgão foi encontrado.
O Izabela Hendrix informou que não comentará o assunto porque ainda não foi oficialmente notificado sobre o resultado do CPC
Na Fumec, cursos mal classificados pelo governo federal serão extintos. Em nota, a Universidade Fumec informou que os cursos de pedagogia e engenharia de telecomunicações ,classificados com nota 2 pelo MEC, estão em processo de extinção.
A graduação de pedagogia já não terá mais turmas em 2016. Já o curso de engenharia de telecomunicações será encerrado em 2018. Ainda assim, a universidade ressaltou que está estudando as medidas a serem adotadas para reverter essa classificação. A instituição se comprometeu a enviar o protocolo de compromissos ao MEC ainda em dezembro.
A escola também frisou que, apesar do resultado ruim desses dois cursos, permanece entre as melhores universidades privadas de Minas Gerais. O Índice Geral de Cursos (IGC) comprova isso ao dar uma nota satisfatória à instituição.
Em 2014, mais de 80 mil estudantes não fizeram a avaliação em todo o país
Segundo o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, dos 481,7 mil concluintes de 9.963 cursos de 2014, mais de 84 mil não fizeram a prova. “Diferentemente do Enem, em que é a vida do aluno que está em jogo – ele pula o muro, chora se chega atrasado –, no Enade é a qualidade da instituição. O estudante já está com a cabeça no mercado de trabalho, e acaba não participando”.
(*Com agências)