Com previsão de chuva para o fim do ano, motorista deve prezar a paciência e cautela ao volante

As festas de fim de ano e as férias escolares levam muita gente a pegar estrada nessa época, aumentando o fluxo de veículos e, consequentemente, as chances de acidentes. A principal recomendação dos especialistas para que os viajantes não engrossem as estatísticas é ter paciência.

“O alto fluxo de trânsito naturalmente aumenta as chances de acidentes porque expõe os motoristas a condições que não são frequentes. Alguns não estão acostumados a uma direção longa, circulam apenas dentro das cidades, e vão confrontar-se com pessoas com mais prática”, afirma a professora do curso de Engenharia de Transportes do Cefet-MG Karla Rodrigues, especialista em segurança viária.

De acordo com ela, seguir um roteiro básico de cuidados, que vão da manutenção do veículo à prudência ao volante, também ajuda a evitar dor de cabeça nos momentos de descanso, impedindo, assim, que as férias tornem-se um pesadelo.

“Fazer uma viagem não é apenas tirar o carro da garagem. O que na cidade muitas vezes passa despercebido, na estrada pode ser o diferencial entre causar um acidente ou não”, ressalta Karla.

Dados da violência

O ano começou com 127 mortes e 1.592 feridos em mais de 2 mil acidentes nas rodovias federais brasileiras, conforme levantamento da Polícia Rodoviária Federal (PRF). Apesar de alarmantes, os números indicaram uma redução de 47% no índice de acidentes graves, na comparação com o início de 2014.

De acordo com a corporação, no entanto, ao contrário do que se imagina, a virada de ano costuma ser menos violenta do que no Natal.

Isso porque o movimento na saída para o feriado religioso é concentrado e uniforme em todas as rodovias, enquanto que no Réveillon o fluxo é direcionado, sobretudo, a cidades litorâneas.

As estatísticas mais recentes confirmam a avaliação da polícia: no Natal do ano passado, a PRF registrou cerca de 3.200 acidentes, 52,59% a mais que na virada.

135 mil condutores foram fiscalizados pela PRF nas estradas federais brasileiras no recesso de Ano Novo de 2014; 14 mortes foram registradas pela PMRv em Minas durante o feriado de Natal do ano passado

Devagar e sempre

Segundo a professora do Cefet-MG, as condutas de ansiedade e irritação geralmente são as causas dos acidentes mais sérios, a exemplo das colisões frontais. “A estrada pode gerar impaciência extra e o condutor acabar tomando uma atitude que não é recomendada, como trafegar pelo acostamento. Se estiver de férias, tente entrar no clima e ficar tranquilo, mas sem deixar de ficar atento”, adverte Karla.

Fatores externos, como pista molhada, podem colocar o motorista em situações complicadas

Embora seja indispensável na bagagem de quem vai seguir viagem neste fim de ano, a paciência, por si só, não basta. Fatores externos também podem contribuir para o balanço de acidentes nas rodovias, principalmente em Minas Gerais, Estado com a maior malha rodoviária do Brasil.

Neste mês, diferentemente do que ocorreu em anos anteriores, quando predominou a estiagem, a previsão é de chuvas, que podem comprometer a qualidade do pavimento, outro fator de risco para os motoristas.

“As BRs 040, para o Rio de Janeiro, 262, para o Espírito Santo, 116, para a Bahia e 381, para São Paulo, são as mais movimentadas nesta época do ano. As que não estão sob concessão estão em péssimas condições. Todas elas, sem exceção”, afirma o professor de Engenharia de Transportes e Trânsito da Universidade Fumec, Márcio Aguiar.

Transtorno

Alguns trechos, segundo ele, apesar de estarem sob gerenciamento da iniciativa privada, estão em obras, o que pode atrasar o horário previsto de chegada.

“Daqui para o Rio, a gente calculava umas sete ou oito horas de viagem. Agora, temos que considerar muito mais, umas dez horas. Existe um congestionamento muito grande somente na saída de Belo Horizonte, e o tempo faz com que a gente fique ansioso e cometa erros”, alerta Aguiar.

Direção responsável

No feriadão de Réveillon do ano passado, pelo menos 18 pessoas morreram e 277 ficaram feridas em Minas em 280 acidentes, segundo balanço da Polícia Militar Rodoviária (PMRv). O total apontou para um aumento de 28,5% no número de mortos e de 6,9% no de feridos, ante o mesmo período de 2013.

Dispersão

De acordo com a corporação, a falta de atenção à direção e a imprudência resultaram em 33,6% dos acidentes, o excesso de velocidade, em 8,9%, as derrapagens, em 7,8%, e animais na pista, em 6,4%. Já a embriaguez ao volante motivou 5,3% dos acidentes.

Por isso, é preciso ter a atenção redobrada, especialmente se a família estiver junto”, reforça o professor da Universidade Fumec.