(Lucas Prates / Arquivo Hoje em Dia)
O belo-horizontino está enfrentando temperaturas altas em pleno inverno. Em oito dias de agosto, os termômetros bateram a casa dos 30°C – na última quinta-feira foram registrados 32,7°C. Os números ultrapassam a média histórica das últimas três décadas para este mês, que é de 26,5°C.
Não bastasse o calor, que só deve ser amenizado a partir de segunda-feira, não chove há 75 dias na capital. Sem as precipitações, os moradores sofrem também com o tempo seco. A última chuva significativa, quando foram registrados mais de cinco milímetros, ocorreu em 4 de junho.
Segundo o meteorologista do Instituto PUC Minas TempoClima, Claudemir Félix, a sensação de calor veio em função da formação de uma massa de ar quente local. “Não vamos chegar ao frio sentido no início da estação, mas o inverno volta a tomar forma a partir de segunda”, afirma.
Baixa umidade
A umidade relativa do ar é motivo de preocupação, principalmente para quem sofre de doenças respiratórias. A Defesa Civil de Belo Horizonte chegou a emitir alerta para a tarde de ontem, quando o índice ficou em 30%, considerado nível desértico. A Organização Mundial de Saúde (OMS) preconiza o mínimo de 60%.
O ar seco tende a prejudicar os chamados cílios pulmonares, dificultando a filtragem de vírus e bactérias. De acordo com o pneumologista Cássio Ibiapina, professor da Faculdade de Medicina da UFMG, a atenção nesse período deve ser redobrada. Como é comum o aparecimento de muco, o médico recomenda a higienização do nariz com soro fisiológico e a ingestão de muito líquido.
“O melhor é evitar também atividades físicas pesadas entre 11h e 16h, quando o organismo sofre mais porque a umidade cai. Se for imprescindível, o ideal é procurar exercícios mais leves ou na água”.
Só em setembro
Esse período sem chuvas coincide com o fim dos fenômenos El Niño, em maio, e o início da La Ninã, em setembro. O primeiro aumenta a temperatura das águas do oceano Pacífico enquanto o segundo faz o contrário.
A previsão é a de que as precipitações só comecem de forma significativa a partir de 15 de setembro, tornando-se constantes em outubro, segundo informou Luiz Ladeia, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).