O desempenho do comércio na capital no acumulado de doze meses apresentou queda de 1,49%. Apesar da retração, o resultado foi melhor que o obtido no mesmo período de 2015, quando fechou com queda de 4,34%, segundo Indicador de Vendas da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH).
Os motivos ainda são a inflação alta, juros elevados, crescimento do desemprego e quedas sucessivas no PIB, que contribuem para a diminuição do consumo e dos investimentos diretos. “Com o orçamento comprometido com os custos básicos, a população preferiu adiar suas compras, principalmente dos bens considerados supérfluos, para evitarem dívidas que futuramente não poderiam pagar”, explica o presidente da CDL/BH, Bruno Falci. Ainda de acordo com o dirigente, a expectativa de retração nas vendas estimada pela CDL/BH para 2016 era ainda maior, na casa dos 2,97%.
O setor que apresentou a maior queda durante o ano de 2016 foi o de máquinas, eletrodomésticos, móveis e louças (-2,31%). Em seguida aparecem: papelarias e livrarias (-2,21%); tecidos, vestuário, armarinho e calçados (-0,95%); ferragens, material elétrico e de construção (-0,80%); veículos e peças (-0,69%) e drogarias, perfumes e cosméticos (-0,22%).
Já os que apresentaram crescimento foram: artigos diversos que incluem acessórios em couro, brinquedos, óticas, caça, pesca, material esportivo, material fotográfico, computadores e periféricos e artefatos de borracha (+0,58%) e supermercados e produtos alimentícios (+0,30%).
Falci está otimista. Segundo eles, além da inflação, os juros também iniciaram uma trajetória de queda, o que beneficia os investimentos e incentiva a geração de emprego e renda. "Além disso, o governo ainda instituiu um controle de gastos para evitar a deterioração das contas públicas”, salienta.
Dados do Banco Central apontam a previsão do PIB saindo de -3,5% em 2016, para 0,5% em 2017 e chegando a 2,25% em 2018.
Desempenho em dezembro
O índice real de vendas apresentou, na comparação com o mês imediatamente anterior (dezembro 2016/novembro 2016) um crescimento de 1,24%. “Dezembro é uma base forte de comparação por ter contado com o Natal, data com forte apelo emocional. As pessoas presenteiam mesmo com produtos de menor valor, fator que contribui para a movimentação do comércio. Mas, ainda assim, o crescimento registrado é considerado pequeno”, pontua Bruno Falci.
Nessa base de comparação (Dezembro/Novembro) os setores que apresentaram queda foram: ferragens, material elétrico e de construção (-1,58%) e veículos e peças (-0,08%). Apresentaram crescimentos os seguintes setores: drogarias, perfumes e cosméticos (+1,97%); máquinas, eletrodomésticos, móveis e louças (+1,84%); papelarias e livrarias (+1,35%); tecidos, vestuário, armarinho e calçados (+1,20%); supermercados e produtos alimentícios (+0,64%) e artigos diversos (+0,42%).
Já na comparação com o mesmo mês do ano anterior, dezembro de 2016 apresentou uma queda de 1,84% em relação a dezembro de 2015. O presidente da CDL/BH explica que este decréscimo nas vendas é resultado, mais uma vez, da desaceleração da atividade econômica durante todo ano de 2016, com inflação em patamares elevados e aumento na taxa de desemprego. “A conjunção destes fatores leva a uma redução do poder de compra das famílias, impactando negativamente nas vendas”, afirma.
Todos os setores apresentaram queda nesta base de comparação: veículos e peças (-3,91%); máquinas, eletrodomésticos, móveis e louças (-2,17%); drogarias, perfumes e cosméticos (-2,06%); tecidos, vestuário, armarinho e calçados (-1,13%); papelarias e livrarias (-1,10%); supermercados e produtos alimentícios (-0,46%); artigos diversos (-0,25%) e ferragens, material elétrico e de construção (-0,14%).
Segundo Bruno Falci, a esse resultado deve-se atribuir também o cenário em que a capital mineira estava inserida no mês de dezembro de 2016. “Houve atraso e parcelamento do 13º salário para o funcionalismo público estadual. Isso diminuiu a renda em circulação e acabou por impactar negativamente nas vendas do varejo”, finaliza.
Fonte: CDL/BH