Condenado por assassinato ocorrido há mais de 20 anos, advogado é preso em BH

Bruno Inácio
05/04/2019 às 18:55.
Atualizado em 05/09/2021 às 18:07
 (Bruno Inácio)

(Bruno Inácio)

Mais de 20 anos após um assassinato ocorrido no aglomerado da Serra, na região Centro-Sul de Belo Horizonte, o advogado Hebert Augusto Dias da Silva, de 49 anos, acusado do crime, foi preso nessa quinta-feira (4) pela Polícia Civil. Ele já havia sido condenado em 2014, mas vinha postergando a prisão na Justiça desde a época do crime, com instrumentos jurídicos, como habeas corpus e embargos de declaração.

Ex-soldado da Polícia Militar (PM), Silva era conhecido nos anos 90. Ele saiu da corporação em 1995, e entrou para um dos mais famosos grupos especializados em roubo a bancos daquela década. Já foi preso duas vezes, mas conseguiu na Justiça o direito de responder em liberdade pelo homicídio.

Foi na cadeia que Silva tomou gosto pela advocacia. Segundo os investigadores que o prenderam, ele estudou e, após ser solto, formou-se na área, tendo inclusive o registro formal na seccional mineira da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MG). Hoje, ganha a vida com o escritório especializado na área criminal que mantém e com o aluguel de mais de 30 imóveis que possui na Região Metropolitana de Belo Horizonte.

A OAB-MG diz que acompanha o caso com a Justiça, mas não explicou como mesmo já tendo sido condenado, Silva conseguiu ingressar na ordem em 2017.

O delegado Gustavo Barletta, da 2ª Delegacia de Furtos e Roubos, afirmou que o suspeito foi procurado por 30 dias, desde que a Justiça permitiu a prisão. “O processo se alongou durante quase 20 anos, recursos atrás de recursos conseguindo postergar. Só que em fevereiro de 2019 foi expedido um mandado de prisão em seu desfavor”, comentou.

Marco
Silva foi preso em casa, no bairro Mantiqueira, na região de Venda Nova, e não reagiu. O imóvel já é conhecido da polícia, pois foi onde houve, em 1997, uma troca de tiros entre os membros da quadrilha que advogado participava e a polícia.

 “Por ser uma pessoa extremamente perigosa, conhecedor de armas, ex-policial, a prisão foi efetuada com muita cautela, impedindo qualquer reação”, contou Barletta. “(Silva) é um criminoso antigo, tem diversas passagens pela prática de roubo, latrocínio, homicídio. Por isso, o consideramos perigoso”, afirmou o delegado.

Segundo Leonardo Lima Moreira, advogado que faz a defesa de Silva, o suspeito foi condenado em primeira instância, mas a sentença havia sido anulada. “Foi dado uma nova sentença, mas ele tem um habeas corpus no STJ que dá a ele o direito de responder em liberdade até o trânsito em julgado da condenação”, afirmou.

Todavia, em fevereiro, a Justiça mineira expediu um novo mandado, tendo em vista que o Supremo Tribunal Federal autoriza prisões em segunda instância. “A prisão dele foi condenada por um juiz de primeira instância, que não tinha nem competência pra isso”, disse o advogado.

Para a defesa, Silva pratica regularmente a profissão, por estar regularmente inscrito na OAB-MG.

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