(Fernando Michel / Hoje em Dia)
Uma série de condutas “irresponsáveis”, “inconsequentes” e "criminosas" resultaram no estupro da jovem de 22 anos no bairro Santo André, na região Noroeste de Belo Horizonte, na madrugada de 30 de julho, após um show no Mineirão. É o que avalia a delegada da Polícia Civil responsável pelo caso, Danúbia Quadros.
Dois dos quatro investigados pela polícia foram indiciados. O pintor que carregou a mulher, por estupro de vulnerável. Já o motorista de aplicativo que a deixou desacordada na rua, pelo crime de abandono de incapaz.
O amigo que passou a tarde acompanhado da jovem no show de pagode e o motociclista que ajudou a desembarcar a vítima do carro de aplicativo não foram indiciados, mas tiveram condutas “reprováveis”, que poderiam ter evitado os crimes.
Na avaliação da policial houve uma "irresponsabilidade enorme” do amigo que a deixou sozinha em um carro de aplicativo após a jovem ter ingerido bebida alcoólica durante todo o dia. Apesar de estar acordada quando entrou no carro, ela estava visivelmente embriagada e precisava ser “amparada”.
Durante as investigações, a polícia descobriu que a vítima tem um histórico de doenças graves, já que nasceu sem parte do estômago e do esôfago. A condição, inclusive, manteve a jovem afastada do convívio social durante muitos anos. Ela, que não tem costume de beber, ficou desacordada por mais de quatro horas e foi encontrada com vômito na roupa.
Em depoimento à polícia, o amigo alegou que a corrida por aplicativo foi compartilhada com o irmão da jovem e que o mesmo estaria aguardando na porta de casa. Porém, não foi o que aconteceu.
Ao chegar ao endereço, o motorista de aplicativo não encontrou ninguém. Com a ajuda de um motociclista que passava pelo local, deixou a mulher desacordada no passeio de casa. O motorista ainda tentou tocar o interfone do prédio e de imóveis vizinhos, mas, como não foi atendido, resolveu ir embora.
Para a delegada, o caso deve servir de lição para toda a sociedade. “Esse caso deve servir como alerta. Foram várias condutas socialmente reprováveis, duas delas inclusive criminosas, que poderiam ter evitado um estupro se a gente tivesse, desde o início, tido uma conduta de segurança”, reforçou.
A polícia ainda aguarda a conclusão de exames toxicológicos e de material genético. Mas, segundo a delegada, os indiciamentos independem do resultado dos laudos.