(Valéria Marques/Hoje em Dia)
O Conjunto Moderno da Pampulha recebeu oficialmente nesta quarta (17), o certificado da Unesco de Patrimônio Mundial, com o conceito inédito de Paisagem Cultural do Patrimônio Moderno. A entrega ao prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda, foi realizada no Museu de Arte da Pampulha e contou com a presença do ministro da Cultura, Marcelo Calero, pelo diretor do Departamento Cultural do Ministério das Relações Exteriores, ministro George Firmeza, pela presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Kátia Bogéa, e pelo presidente da Fundação Municipal de Cultura (FMC), Leônidas Oliveira.
Para o prefeito Marcio Lacerda, a data é muito significativa para Belo Horizonte e Minas Gerais. "Esse reconhecimento tem uma longa história, que começa com a inovação e o espírito vanguardista de Juscelino Kubitschek, apoiado na criatividade e no brilhantismo de Oscar Niemeyer, Burle Marx, Cândido Portinari e tantos outros", celebrou. O prefeito ressaltou também a projeção da capital mineira em nível mundial. "O título reafirma a posição de Belo Horizonte no mapa mundial e isso é muito importante para a atração do turismo, a criação de emprego e renda e, principalmente, para o reforço da nossa autoestima como mineiros e brasileiros", completou.
O Conjunto Moderno da Pampulha foi reconhecido como Patrimônio da Humanidade no dia 17 de julho, durante a 40ª reunião do Comitê do Patrimônio Mundial, em Istambul, na Turquia, após decisão consensual dos 21 países que integram o grupo.
De acordo com a coordenadora de Cultura da Unesco no Brasil, Patrícia Reis, a entrega oficial do título simboliza o reconhecimento do sucesso da candidatura feita por Belo Horizonte e celebra uma conquista inédita para Brasil. "O título de Paisagem Cultural do Patrimônio Moderno conquistada pelo Conjunto Moderno da Pampulha é o primeiro do Brasil e ele é entendido por integrar harmonicamente obras de arte, paisagismo e arquitetura. Essa é a sua particularidade", destacou. Todas as etapas do processo da candidatura foram cumpridas e avaliadas pelo Comitê do Patrimônio Mundial da Unesco.
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O conjunto
Formado por uma paisagem que agrega quatro edifícios articulados em torno do espelho d'água de um lago urbano artificial, o conjunto moderno da Pampulha é integrado pela Igreja de São Francisco de Assis, o Cassino (atual Museu de Arte da Pampulha), a Casa do Baile (Centro de referência em urbanismo, arquitetura e design de Belo Horizonte) e o Iate Golfe Clube (Iate Tênis Clube), todos bens construídos entre 1942 e 1943.
A área que abriga o conjunto moderno era parte de uma antiga fazenda, responsável pelo abastecimento agrícola da cidade de Belo Horizonte. Loteada e urbanizada na década de 1940, tornou-se um empreendimento modernizador que atraiu a atenção de vários intelectuais e artistas de todo o Brasil, por promover uma interação entre arquitetura, artes plásticas e paisagismo.
Inspirado nas concepções do suíço Le Corbusier (pseudônimo de Charles-Edouard Jeanneret-Gris), criador dos Cinco Pontos da Nova Arquitetura – planta livre, fachada livre, pilotis, terraço jardim e janelas em fita –, Niemeyer planejou os edifícios do conjunto. Por sua vez, Roberto Burle Marx teve como influência os ideais do resgate da identidade nacional e as vanguardas europeias das artes.