Conselho de Saúde de BH defende fechamento do comércio e abertura imediata do Hospital de Campanha

Luciano Dias
@jornlucianodias
23/06/2020 às 18:56.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:51
 (Renata Evengelista)

(Renata Evengelista)

Com a taxa de ocupação geral de leitos de UTI da capital mineira atingindo 86%, o Conselho Municipal de Saúde de Belo Horizonte (CMSBH) teme um colapso do sistema. De acordo com a estimativa do órgão fiscalizador, com essa progressão acelerada do novo coronavírus, em uma ou duas semanas não haverá mais leitos de CTI nos hospitais públicos da cidade. 

No caso dos 282 leitos específicos para atendimento a pacientes com Covid-19, este percentual está em 83%. Para evitar um problema ainda maior e trazer um respiro no combate à doença, o CMSBH cobra das autoridades sanitárias uma série de medidas. 

A principal ação é o fechamento do comércio nas próximas três semanas e, dependendo do avanço da doença nos próximos dias, um lockdown (fechamento total da cidade). Uma outra medida cobrada pelo conselho é a abertura imediata do Hospital de Campanha do Expominas, na região Oeste da cidade. Pronto desde abril, o centro médico de retaguarda está apto a receber 768 pacientes com casos menos graves da Covid-19, mas segue sem previsão de funcionamento.

"Esta é uma medida emergencial. É uma estrutura que já está montada e pode desafogar se houver um colapso. Mas, na verdade, a ação que fará com que a curva volte a se normalizar é o isolamento social, deixando aberto só os serviços essenciais.", explicou Carla Anunciatta de Carvalho, presidente do CMSBH. 

Fila única de atendimento

Ainda de acordo com o conselho, é necessário que seja estabelecida uma fila única - unificação do acesso aos leitos de CTI das redes pública e privada - para os casos de Covid-19 que precisem de internação. A medida seria, segundo o órgão, regulada pelo SUS, com critérios clínicos. 

"É uma justiça social para que os usuários do SUS não morram por falta de recursos. O critério para escolha de quem vai ficar internado tem que ser prioridade clínica de cada um. Não importa se a pessoa paga plano ou não. O que importa, neste caso, é a necessidade de acordo com o Estado de adoecimento dela", destacou Carla Anunciatta.

Atualmente, o SUS Belo Horizonte conta com 972 leitos de CTI e 4.491 de enfermaria. Já a rede privada tem 470 leitos CTI e 1.273 de enfermaria. De acordo com o boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria Municipal de Saúde nesta terça-feira (23), a capital mineira, epicentro da doença em Minas, registrou 4.667 casos e 96 óbitos por Covid-19.

A nossa reportagem entrou em contato com Prefeitura de Belo Horizonte sobre as medidas recomendadas pelo CMSBH. A Secretaria Municipal de Saúde informou que, assim que tiver uma resposta, enviará o retorno. 

Recuo da flexibilização

O prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, anunciou, nesta terça-feira, que poderá decidir por uma mudança no funcionamento do comércio da cidade. A declaração foi feita durante uma entrevista ao apresentador Datena, na Rádio Bandeirantes.

“Estamos permanentemente reunidos e hoje à tarde posso tomar uma decisão drástica para que esse número não tenha uma explosão", disse Kalil, que destacou também que ainda não há possibilidade de abertura de outras áreas do comércio, como bares, shoppings, restaurantes, lojas de roupas e centros de compras nesse momento.

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