Construtora e PBH pretendem instalar 14 mil casas populares na Mata do Isidoro

Bruno Moreno - Hoje em Dia
03/12/2013 às 07:52.
Atualizado em 20/11/2021 às 14:31
 (Frederico Haikal)

(Frederico Haikal)

O megaempreendimento imobiliário que seria erguido na Mata do Isidoro, também conhecida como Granja Werneck, na zona Norte de Belo Horizonte, para a construção de moradias destinadas à classe média, será reconfigurado para atender a famílias de baixa renda.
  A nova proposta da empreiteira Direcional é construir habitações de “interesse social”, como as do programa Minha Casa, Minha Vida. De acordo com a Companhia Urbanizadora de Belo Horizonte (Urbel), a capital tem um déficit habitacional de 62 mil moradias.

A Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) informou que a concepção urbana inicial do novo Granja Werneck é a mesma do projeto antigo, elaborado em 2010, mas haverá mudanças na edificações, que deverão ser mais simples.
Serviços   “Mesmo com a alteração do público-alvo, o projeto continua contando com infraestrutura completa de escolas, creches e centros de saúde para atender à população, além de praças e parques. Estão previstos ainda lotes não-residenciais, de modo que atividades econômicas se instalem na região gerando emprego para os moradores”, informou a PBH, em nota.

Entretanto, nem a prefeitura nem a empresa divulgaram o número exato de apartamentos que serão feitos. O projeto de 2010 previa 72 mil habitações para aproximadamente 300 mil pessoas.   Articulação   Na semana passada, o prefeito Marcio Lacerda foi ao Ministério das Cidades, em Brasília, negociar a construção de 14 mil habitações na região do Isidoro.
Esses imóveis seriam para a faixa 1 do Minha Casa, Minha Vida, que atende a famílias com renda mensal bruta de até R$ 1.600.

A assessoria de imprensa da Direcional informou que os projetos estão sendo finalizados, por isso não pode informar quantas habitações serão.
Aval do governo   As primeiras licenças ambientais em nível municipal do empreendimento já foram obtidas pela construtora. Entretanto, por solicitação do Ministério Público Estadual, o licenciamento também será requisitado à Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Semad).

Segundo a Sema, o empreendedor ainda não protocolou o projeto. Por causa das modificações na proposta original, nem a Direcional nem a PBH divulgaram o cronograma das obras.     Desde junho deste ano, famílias de sem-teto começaram a ocupar a Granja Werneck, na Região Norte. Atualmente, segundo líderes do movimento, são cerca de 8 mil pessoas distribuídas nos “loteamentos” Esperança, Vitória e Rosa Leão. O último está localizado em parte do bairro Zilah Spósito.
A Justiça concedeu liminares aos proprietários legais para a reintegração de posse, mas a Polícia Militar ainda não os cumpriu.

De acordo com uma das líderes do movimento, Jennifer Rodrigues, a esperança dos invasores é a de que haja um acordo para que eles consigam ficar no local.

“Vivemos essa tensão todos os dias. Não sabemos se virão nos tirar. Não queremos voltar a pagar aluguel. O espaço ocupado é pequeno em relação ao tamanho da Granja Werneck, improdutiva há 40 anos”, argumenta.

“Tem gente que tem medo de que aqui vire favela, mas estamos ocupando de forma organizada, com ruas e lotes de 12 metros por 8. Já deixamos espaço para creche e centro de apoio”, diz Agnaldo Liberato de Jesus, o “Pajé”, de 50 anos, um dos líderes do movimento.

Natural de Santa Luzia, cidade vizinha à Granja Werneck, Jennifer ocupou um lote com os dois filhos e o marido para fugir do aluguel.
Um dos maiores desafios, conta, foi levar água e energia elétrica às casas. Há algumas de madeira, construídas de forma improvisada, e outras de alvenaria.

Dentre as famílias que montaram casas no local, há grupos de Belo Horizonte e de várias cidades da região metropolitana, como Santa Luzia, Vespasiano, Ribeirão das Neves, Pedro Leopoldo e Contagem.

Em construção
Hoje, cerca de 8 mil moradias populares, entre unidades em construção e em projeto, estão sendo viabilizadas na capital.
O Programa BH Morar, da prefeitura, pretende acabar com o déficit habitacional na capital, que é de cerca de 62 mil moradias, em até uma década.   Região abrigaria a Vila da Copa   Em março de 2010, a PBH divulgou que a Granja Werneck seria uma espécie de Vila da Copa do Mundo. Para suprir a falta de leitos em hotéis na cidade, seriam construídos prédios de apartamentos para turistas e jornalistas que viriam trabalhar durante o Mundial.

Depois do campeonato, os imóveis seriam ocupados por famílias. O local seria completamente urbanizado, com escolas e centros comerciais.
Entretanto, o projeto não foi pra frente. Um dos fatores determinantes para o fracasso foi a nova lei para a construção de hotéis, que aumentou o potencial construtivo em Belo Horizonte.

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