Copasa assume situação crítica de água em BH e pede economia de 30% à população

Patrícia Santos Dumont - Hoje em Dia
22/01/2015 às 17:41.
Atualizado em 18/11/2021 às 05:45
 (Frederico Haikal / Hoje em Dia)

(Frederico Haikal / Hoje em Dia)

Na iminência de um racionamento de água na Grande Belo Horizonte, região mais populosa de Minas, com 5,7 milhões de pessoas, a Copasa faz um apelo: que o consumo individual seja reduzido em, no mínimo, 30%. Se a situação atual for mantida, a expectativa é a de que, até abril, medidas severas, como interrupções programadas no fornecimento e multa a quem extrapolar o limite estabelecido, sejam colocadas em prática.    Para adotar as determinações, a Copasa precisa primeiro obedecer a trâmites legais, que começam a ser providenciados hoje. A empresa encaminhará ao Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), responsável por gerenciar os recursos hídricos, um pedido formal para que seja declarada situação crítica quanto à escassez de água em todo o estado.   As decisões emergenciais têm motivo. Segundo a Copasa, em 31 municípios da RMBH o risco de desabastecimento é uma realidade. Estão na lista, inclusive, os mais populosos, como Belo Horizonte, Contagem e Betim. No interior, o quadro é considerado delicado em Campanário, no Vale do Rio Doce, Urucânia (Zona da Mata) e Pará de Minas (Central).    “É mais do que urgente a necessidade de a população economizar água. Estamos com os níveis dos reservatórios bastante comprometidos e, para isso, é imperativo que haja economia do usuário”, ressalta Sinara Meireles, que assumiu a presidência da Copasa há uma semana.    Processo de seca   Na última terça-feira, o Hoje em Dia mostrou que o nível do reservatório Vargem das Flores, na divisa de Contagem e Betim, estava muito baixo, com apenas 28% da capacidade, segundo dados atualizados.    Se levado em consideração todo o volume disponível nos dois sistemas de captação (Velhas e Paraopeba), a disponibilidade é de 30% de água na Grande BH. Em janeiro do ano passado, o índice era de 78%.   Professor de hidrologia na Faculdade de Engenharia da UFMG, Bruno Versiani considera muito difícil alcançar uma economia de 30% no consumo como pede a Copasa. “Será preciso uma campanha educativa muito forte. Fazer essa redução é difícil a curto prazo porque depende da adaptação das pessoas”.    Vazamentos   A própria Copasa precisa fazer sua parte. Cerca de 40% da água tratada produzida se perde nas tubulações antes de chegar ao consumidor. “Isso é inadmissível em qualquer situação. Nessa, mais ainda”, afirmou a presidente da empresa.    Para conter vazamentos, 40 equipes de campo estão sendo destacadas para atuar na RMBH. Espera-se que o tempo de atuação na manutenção reduza das atuais nove horas para seis.    A necessidade de reduzir o desperdício, tanto por parte da população quanto pela Copasa, decorre da falta de chuva. Em janeiro, houve registros isolados na região metropolitana, período em que a pluviosidade normalmente é intensa.    Nos primeiros 20 dias do mês, não choveu na principal estação de medição, no Gutierrez, região Oeste da capital. Até o momento, a meteorologia considera este janeiro o mais seco dos últimos 105 anos na cidade.   De acordo com a Copasa, relatórios mostram que o governo anterior tinha conhecimento da situação, “mas não tomou medidas necessárias para evitar o comprometimento”.    Em nota, o PSDB desmentiu e destacou que a seca extrema surpreendeu os prognósticos dos institutos climatológicos, que previram chuva dentro da normalidade. Mesmo assim, continua a nota, campanhas de conscientização sobre o uso da água foram realizadas.

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