(Valéria Marques/Hoje em Dia)
O corpo de Lourdes Pereira Leite, de 70 anos, está sendo velado nesta sexta-feira (23) no Centro de Belo Horizonte. A idosa morreu depois que o prédio em que ela morava desabou, durante a madrugada de quarta-feira (21), no bairro Planalto, região Norte da capital.
Lourdes foi encontrada sem vida em meio aos escombros. O marido da idosa, Francisco Vieira Leite, de 75 anos, e duas filhas do casal, Françoise Pereira Leite, 40, e Alessandra Franciane Leite, 45, também ficaram feridos. Eles foram socorridos conscientes para os hospitais Odilon Behrens e João XXII. Não há informações sobre o estado de saúde deles.
A cerimônia fúnebre é realizada no Funeral House, na avenida Afonso Pena, é privada, e não foi permitida a presença da imprensa. O corpo será sepultado no Bosque da Esperança no período da tarde.
Velório está sendo realizado no Funeral House, nesta manhã
Desabamento
O prédio de cinco andares desabou por volta das 05h desta quarta-feira (21). De acordo com o Corpo de Bombeiros, ao desabar, a edificação atingiu uma casa vizinha que também ficou destruída. No entanto, a família estava viajando e não se feriu.
"Duas famílias ocupavam o imóvel. Uma delas morava no térreo e a outra no último andar. Das duas famílias, apenas a última estava no local. Fizemos a retirada de quatro vítimas, sendo uma em óbito. As pessoas que sobreviveram já estão sob cuidados médicos", explicou o tenente Filipe Rocha.
A causa do desabamento ainda é desconhecida. A Polícia Civil instaurou um inquérito para apurar o que pode ter ocasionado a queda. "Uma equipe de policiais da 3ª Delegacia de Polícia Civil/Venda Nova esteve no local do fato para coletar elementos que irão subsidiar a investigação. Nos próximos dias, testemunhas serão ouvidas", disse em nota.
Irregularidades
Em obras desde 2014, o prédio de cinco andares tem histórico de multa, embargo e irregularidades. Amigos e vizinhos da família relataram que o prédio foi construído em cima de uma casa e que a obra era construção particular, fruto de um sonho dos proprietários.
Segundo a prefeitura de Belo Horizonte (PBH), o empreendimento passou por processo de regularização e possuía alvará de construção válido até 2025. Entretanto, durante o período de obras, a fiscalização da PBH encontrou problemas.
Ainda segundo a PBH, a obra ficou paralisada e, em 2020, foi constatado que o prédio passou a ser ocupado, mesmo sem o “habite-se”, documento que atesta que a residência foi construída de acordo com as normas estabelecidas pela prefeitura. A obra só foi regularizada em 2021.
De acordo com o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Minas Gerais (Crea-MG), o empreendimento não tinha identificação do responsável técnico pela obra. Será feita uma investigação com a fiscalização do conselho. Se o responsável for identificado, deverá responder a um processo ético no Crea.