Corpo de mineiro assassinado em Portugal é sepultado em Gonzaga

Ana Lúcia Gonçalves - Do Hoje em Dia
27/09/2012 às 15:42.
Atualizado em 22/11/2021 às 01:37
 (Leonardo Morais)

(Leonardo Morais)

GONZAGA – O corpo do mineiro Léo Magno França, de 23 anos, assassinado com um tiro no peito em Portugal, dia 14 deste mês, foi sepultado nesta quinta-feira (27) em Gonzaga, sua terra natal. Ele era primo do eletricista Jean Charles de Menezes, executado pela polícia britânica no metrô de Londres em 2005. “Nem nos recuperamos e nova tragédia se abate sobre nossa família”, reclamou o irmão de Jean Charles, Giovani Menezes, de 40 anos.

A dor da família comoveu a pequena Gonzaga, de pouco mais de 5.900 moradores. Os R$ 9,5 mil necessários para o traslado foram arrecadados entre parentes e nas ruas da cidade. Á espera do corpo, moradores passaram a madrugada nas praças e ruas. Luzes acesas nas casas indicavam a solidariedade e comoção que se seguiram no velório, missa de corpo presente e sepultamento, às 10 horas.

Os alunos da Escola Estadual São Sebastião foram liberados para acompanhar o enterro e  estabelecimentos comerciais baixaram as portas. “Estamos sofrendo tudo de novo. É uma dor que se repete”, diz Menezes. Inconformado, o operador Adison David da Silva, de 21 anos, não conseguia segurar as lágrimas e se afastar do caixão do amigo. “O Léo deixou Gonzaga há seis anos para vencer na vida, como faz a maioria dos jovens daqui. Não merecia voltar num caixão. É muito triste isso”.

Léo Magno era órfão de pai, frentista assassinado há cerca de dois anos em um posto de gasolina, após reagir a um assalto. A mãe Lúcia de Almeida, de 43 anos, preferiu não ver o corpo, numa tentativa de guardar na memória apenas as imagens felizes do filho. Léo Magno deixa três irmãos e uma filha de dois anos, que continua em Portugal. Segundo uma tia de Léo, a dona de casa Marta de Almeida, de 50 anos, a dor que a família sente se mistura à revolta e muito medo.

Ela conta que o sobrinho foi assassinado pela ex-mulher, a também brasileira Léia Oliveira, de 33 anos, numa emboscada. Inconformada com a separação – o rapaz estava de passagem de volta para o Brasil, marcada para o dia 15 – ela o teria chamado para um encontro, supostamente para assinar documentos autorizando a filha deles a deixar o país. No local marcado, Leo Magno foi surpreendido com um tiro no peito. Léia foi presa em flagrante.

“Ela não queria que ele viesse embora e três dias antes, avisou que iria sequestrá-lo, que nós saberíamos o que é dor de verdade. Chegou a passar a guarda da filha deles para uma irmã dela e enviou mensagens ameaçando familiares e amigos nossos aqui de Gonzaga. As mensagens foram deixadas nas redes sociais. Quando a notícia ruim chegou, não era sequestro”, lamentou. “Temos muito medo. Essa mulher precisa continuar presa e a justiça ser feita”, completa Marta.

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