A Corregedoria-Geral do município de Sete Lagoas anunciou que na quarta-feira (28) vai entregar a Polícia Federal o relatório com os nomes das 139 pessoas supostamente envolvidas em um esquema que resultou no desvio de ao menos R$ 11 milhões dos cofres públicos da cidade, localizada a 72 km de Belo Horizonte, na Região Central do Estado.
Conforme o corregedor Jansen Patrik da Matta, o grupo foi descoberto após as ações fraudulentas do ex-contador da Câmara dos Vereadores, João Gualberto Gonçalves, virem à tona, em meados do ano passado. Além dele, entre os investigados estão vereadores, candidatos à reeleição e empresários.
Gonçalves é suspeito de receber vantagens indevidas nas movimentações financeiras da Câmara, e pode ser acusado pelos crimes de sonegação de Imposto de Renda e de contribuição previdenciária, distribuição ilegal de benefícios, horas extras e gratificações, não pagamento dos empréstimos consignados e alteração do limite de 30% dos empréstimos a servidores, além de aumento de salários de forma desproporcional.
De acordo com o corregedor do município, os demais suspeitos estariam envolvidos no esquema fraudulento de empréstimos concedidos pela Caixa Econômica Federal. Contudo, Patrick da Matta não descartou que o nome de alguns dos listados possa ter sido usado indevidamente.
"Não posso afirmar que todos cometeram, de fato, atos ilícitos. A investigação ficará a cargo de órgão competente", explicou. Por isso, por isso, os envolvidos serão denunciados em várias esferas, como polícias Civil e Federal, além dos ministérios públicos de Minas e Federal.
IRREGULARIDADE
Segundo o corregedor, o desvio começou no ano 2000 e prosseguiu até fevereiro de 2015. Gonçalves teria respaldo da mesa diretora da Câmara para cometer as infrações e, neste ano, delatou alguns envolvidos ao Ministério Público. O processo, contudo, segue em segredo de Justiça.
Em julho do ano passado, o Hoje em Dia revelou que o contador recebia R$ 42.799,67 de salário bruto, valor bem acima do contracheque dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), que, na ocasião, era de R$ 33.763,00.
A reportagem entrou em contato telefônico e por e-mail com o advogado de Gonçalves, Demóstenes Teodoro, mas até agora não retornou aos pedidos de entrevista.