Policial teria suspeitado do comportamento da menina, que estava muito tensa e chegou a chorar durante o evento
Delegada Karine Maia contou que, ao final do evento, policial pediu para a diretora observar a criança (Divulgação / PCMG)
Um homem de 55 anos foi preso em flagrante pela Polícia Civil em Montes Claros, no Norte de Minas, suspeito do estupro de vulnerável. A vítima, uma criança de 12 anos, revelou à polícia que era abusada sexualmente pelo pai adotivo, após uma palestra sobre violência contra a mulher na escola.
A prisão foi divulgada nesta quarta-feira (19), pela Polícia Civil. A palestra foi ministrada por uma investigadora da Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) na escola em que a vítima está matriculada.
Durante a apresentação, a policial civil Sabrina Gregória teria suspeitado do comportamento da menina, que estava muito tensa e chegou a chorar. A delegada Karine Maia conta que ao final do evento, a policial pediu para a diretora observá-la.
“Durante conversa com a diretora ela teria contado que era abusada sexualmente pelo pai adotivo, desde os sete anos”, disse.
A apuração realizada até o momento aponta que a adolescente foi adotada pelo casal quando tinha sete anos. Desde então, ela relatou que sofre abusos. A violência sexual ocorria na residência da família, e o homem aproveitava do fato de ser aposentado e da esposa trabalhar.
A investigação revelou, ainda, que ele passou a buscar a criança mais cedo na escola para que desse tempo de chegar em casa e manter a relação sexual no horário em que a mãe ainda estava ausente. Conforme informou a delegada, no dia da prisão, a vítima revelou que teria sofrido abusos ainda naquela manhã. O homem foi preso em flagrante na porta da escola da filha.
“Ele permaneceu em silêncio durante depoimento e também não quis fornecer material genético para ser utilizado na investigação”, adiantou Karine Maia.
Conforme levantamentos investigativos, a vítima vivia sob rígidas regras impostas pelo padastro, que limitava suas interações e controlava sua aparência de forma extrema.
A jovem não tinha permissão para brincar com os colegas no intervalo da escola e era obrigada a usar roupas que escondessem qualquer traço de delicadeza.
“Seu cabelo, antes mais longo, foi cortado bem curto sob a justificativa de higiene, mas, no fundo, servia para reforçar a imagem que o investigado queria impor”, relatou a delegada.
“O mundo dessa garota era constrito a tais restrições, por meio das quais sua identidade parecia ser moldada por vontades alheias”, analisou Karine.
O investigado continua preso no sistema prisional à disposição da Justiça, e as investigações continuam.