Crianças com problemas sanguíneos são beneficiadas

Letícia Alves - Hoje em Dia
29/03/2015 às 07:54.
Atualizado em 16/11/2021 às 23:25

Uma iniciativa única em Belo Horizonte acolhe crianças com doenças hematológicas de todo o Estado, que não têm onde ficar durante o tratamento. Além de receber pacientes e familiares que tratam do câncer na capital, a Casa de Acolhida Padre Eustáquio (Cape) presta atendimento a crianças com doenças no sangue.

As enfermidades afetam a produção ou a função dos glóbulos vermelhos, brancos e plaquetas. “Em alguns casos, o tratamento é parecido e a necessidade de acolhimento e de cuidado especial são muito próximas”, explicou a psicóloga da Cape, Paola Duarte, sobre a semelhança entre as enfermidades.

Uma das doenças mais severas é a anemia falciforme, caracterizada pela alteração nos glóbulos vermelhos, que perdem a forma arredondada e elástica e adquirem o aspecto de uma foice. A dona de casa M.S.M, de 26 anos, descobriu que o filho, hoje com 6 anos, tinha a doença assim que nasceu, por meio do teste do pezinho. Desde os 3 anos, ele precisa de transfusões mensais e medicamento especial.

No ano passado, ela, que é de Itabirinha, no Rio Doce, precisou levar o filho para tratamento em BH. “Ajudaram muito. Se eu não tivesse vindo para a Cape, não teria como pagar um lugar para ficar”.

Hoje, ela e o filho enfrentam mais duas dificuldades: conseguir doadores de sangue O+ e o medicamento Hidroxiuréia, em falta na farmácia do Estado. “Eles disseram que não têm previsão”.

A Secretaria de Estado de Saúde informou que o medicamento está em processo de distribuição, encontrando-se em estoque na farmácia localizada na avenida do Contorno.

Sinais

Segundo o presidente do Departamento de Hematologia da Associação Médica de Minas Gerais, João Paulo de Oliveira Guimarães, outras doenças hematológicas comuns em crianças são as anemias, causadas por falta de nutrientes, e, mais raramente, as leucemias.

Ele destaca que os pais devem ficar atentos aos principais sintomas dessas doenças, que incluem fraqueza, desânimo, baixo rendimento escolar, sonolência e sangramentos. “O diagnóstico normalmente é realizado pelo pediatra, ao ser consultado em exames de rotina”, destacou o presidente.

Foi por meio das observações dos primeiros sintomas e da realização de exames que a dona de casa Elza de Avelar, de 37 anos, descobriu que o filho Manoel, de 10, estava com leucemia, há dois anos. Ele foi encaminhado de Vinhedo, distrito de São Geraldo da Piedade, no Rio Doce, no ano passado, para tratamento em BH. “A família que tenho aqui está nessa casa”, disse Elza.

A Cape

A Associação Dona Lucinha é a mantenedora responsável pela Cape, que recebeu o título de utilidade pública municipal em 2014. A casa ainda precisa de doações de pessoas físicas e jurídicas. Mais informações pelo telefone 3401-8000. 

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