(Carlos Henrique)
Após a suspensão por 15 dias da reintegração de posse na região da Mata do Isidoro, zona Norte da capital, ainda não há data definida para uma nova rodada de negociações com o governo. O prazo, acertado nesta segunda-feira (22) em reunião na Defensoria Pública do Estado, deverá ser utilizado para análise e readequação de propostas.
Vários impasses precisam ser acertados para que os manifestantes aceitem sair pacificamente das três ocupações – Rosa Leão, Esperança e Vitória. Entre eles a garantia de moradia para todas as 8.500 famílias que ocupam o local, segundo o movimento. Levantamento da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) mostra que 2.500 famílias ocupam a região.
A última proposta apresentada pela PBH prevê o reassentamento no próprio terreno, onde serão disponibilizadas unidades habitacionais do Minha Casa, Minha Vida. No entanto, após a construção, apenas as famílias que se encaixam no programa serão contempladas. Um dos critérios é possuir renda familiar de até R$ 1.600.
Negociações
Para uma das representantes do movimento, Charlene Cristine Egídio, a garantia de moradia para todos é uma das principais exigências. Ela também defende a permanência de pessoas que moram há mais tempo no local e possuem imóveis maiores. “A saída para esse conflito social é a abertura de diálogo, que a gente vem insistindo”, destacou Charlene.
A preocupação com o conflito mobilizou a Defensoria Pública do Estado e a Arquidiocese de Belo Horizonte, que informaram, nessa segunda (22), acompanhar e intermediar as negociações.
Polêmicas
Questões de infraestrutura também deverão ser definidas para que a região não seja marginalizada, defenderam estudantes da PUC Minas e da UFMG, na reunião. Eles divulgaram uma nota pública com levantamentos feitos em um estudo das universidades.
“A população vai ser alocada lá, sem ponto de ônibus, posto de saúde, equipamentos técnicos urbanísticos, sem direito à cidade”, afirmou Júlia Ávila, representante das instituições que atuam na readequação da proposta das ocupações ao governo.
O assessoria de imprensa do governo de Minas informou que o empreendimento prevê a instalação de toda a infraestrutura básica (água tratada, esgoto e energia elétrica) e ainda a instalação dos equipamentos comunitários de saúde, educação e transporte público.
9 mil moradias serão erguidas no Isidoro somente na primeira fase do 'Minha Casa, Minha Vida', de acordo com o governo