De volta ao habitat: projeto do IEF amplia áreas para soltura de animais da fauna silvestre

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18/10/2017 às 06:00.
Atualizado em 02/11/2021 às 23:16
 (IEF/Divulgação)

(IEF/Divulgação)

Com a preocupação de preservar a fauna silvestre e impedir que mais espécies desapareçam do habitat natural, o Instituto Estadual de Florestas (IEF) amplia ações do projeto Asas (Áreas de Soltura de Animais Silvestres), desenvolvido em parceria com o Ibama.

O número de propriedades rurais cadastradas como área de soltura autorizada já passa de cinco dezenas e o IEF prevê ainda a disponibilização de sete novos Centros de Triagem de Animais Silvestres (Cetas).

Segundo a bióloga Alice Rabelo de Sá Lopes, da Diretoria de Proteção à Fauna do IEF, expandir as atividades é necessário pois, apesar da aparente conscientização da sociedade para preservação, o número de animais apreendidos continua em torno de 10 mil ao ano.

Interessados em cadastrar áreas rurais devem se manifestar por meio do ief.mg.gov.br;no site é possível inserir informações básicas da propriedade

“As áreas disponibilizadas por voluntários para soltura nas diversas regiões do Estado já chegam a 56 e o número de Cetas vai passar dos atuais três para 10 até 2019”, revela Alice. Os Cetas recebem os animais antes de eles serem cuidadosamente preparados para a volta à natureza.

Ao detalhar os dados do projeto Asas, o IEF relembra que assumiu a fauna do Estado em novembro de 2013. No levantamento até junho de 2017, foram recebidos nos Cetas 35.754 animais silvestres, a maioria proveniente do tráfico. O número é considerado alto pelos órgãos ambientais e demonstra que o desafio continua grande.

Exemplo

O pecuarista Ronaldo Pinheiro Marques tem uma propriedade no município de Janaúba, no Norte de Minas. Há quatro anos, ele passou a observar que era cada vez menor o número e a variedade de pássaros no dia a dia da fazenda.

“Eu fui criado na roça e percebi a região ficando sem o canto dos passarinhos. Conversei com alguns amigos e logo surgiu a ideia de procurar o IEF e o Ibama e, em junho de 2014, a nossa área foi integrada ao projeto Asas”, conta.

O parceiro janaubense do projeto ficou conhecido na região e é sempre procurado por pessoas que encontram animais em situação de vulnerabilidade ou criados ilegalmente em casa.

“Explico que não posso receber e soltar na minha fazenda, mas que é preciso seguir as normas estabelecidas pelo Asas e recomendo a entrega no Cetas”, enfatiza Marques.

O voluntário relata que já foram feitas diversas solturas na fazenda e que a situação é completamente diferente de três anos atrás. Os animais devolvidos à natureza são, em maioria, pássaros, mas tem também iguanas, cobras e outros.

“Acreditando que as crianças são fundamentais na preservação, passei a abrir a minha propriedade para as escolas da região. Aqui, numa aula prática de educação ambiental, os estudantes veem como ocorre a renovação da vida com os animais no próprio habitat”, relata Marques.Arquivo Pessoal/Ronaldo Pinheiro / N/A

Soltura dos animais ocorre em áreas rurais

Centros para triagem e reabilitação dos bichos estão em expansão em Minas Gerais

Quando os animais da fauna silvestre chegam a uma área de soltura selecionada, após serem reabilitados nos Cetas, eles seguem para o viveiro onde permanecem por uma média de 15 dias, recebendo alimentos e água.

Logo depois desse período, o viveiro é parcialmente aberto para que os animais comecem a voltar à natureza.

Conforme a chefe da Diretoria de Fauna do IEF (Dfau), Sônia Cordebelle, atualmente os animais apreendidos são levados aos Cetas de Belo Horizonte, Juiz de Fora, na Zona da Mata, ou Montes Claros, no Norte do Estado.

As demais regiões que não têm essa cobertura vão receber novas unidades em Patos de Minas (Noroeste), Januária (Norte), Gouveia (Jequitinhonha), Divinópolis (Oeste), Uberlândia (Triângulo), Teófilo Otoni (Mucuri), Paracatu (Noroeste) e Governador Valadares (Vale do Rio Doce).

“Dos novos Cetas projetados, o de Patos de Minas está em fase mais adiantada, previsto para ser entregue no mês de setembro”, anuncia Cordebelle.

Os Centros de Triagem de Animais Silvestres possuem um projeto padrão, com 1.200 metros quadrados de área construída, e têm a finalidade de receber, identificar, marcar, triar, avaliar, recuperar e reabilitar os animais silvestres, além de realizar e subsidiar pesquisas científicas, ensino e extensão.

Além Disso

As espécies mais retiradas da natureza e que representam 50% de todas as apreensões são os pássaros trinca-ferro, canário da terra e o baiano.

“A média de reabilitação até a soltura é de dois meses. A volta dos animais para a natureza nos obriga a fazer um trabalho rigoroso de pesquisa, e depois de deslocamento para fazer a soltura onde ela deve ocorrer sem nenhum desequilíbrio”, explica Alice Rabelo.

Os animais que chegam ao Cetas e que, após receber os cuidados necessários, não conseguem voltar a viver na natureza são levados para criadores de animais legalizados. O IEF alerta aqueles que criam ilegalmente animais da fauna silvestre para que entreguem nos Cetas de forma espontânea e assim fiquem livres de qualquer punição.

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