(Carlos Rhienck)
Ana Maria Santos, uma das delegadas que comandou o inquérito sobre o desaparecimento de Eliza Samudio, é a primeira testemunha a ser ouvida na tarde desta segunda-feira (4) no Fórum Doutor Pedro Aleixo em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Ela foi arrolada como testemunha da defesa e da acusação. A juíza Marixa Fabiane Lopes começou o interrogatório perguntando há quanto tempo a testemunha trabalhava como delegada e quanto tempo ela estava na Polícia Civil. Ana Maria respondeu que desde 2001 desempenha a função e irá completar, neste mês, 21 anos na Polícia Civil. Em seguida, questionada pela magistrada, a delegada informou que quando ouviu Jorge Luiz, na época do crime menor de idade, ele não apresentava estar sobre o efeito de entorpecentes. Ela informou que interrogou o primo do ex-goleiro Bruno, que denunciou o crime, com autorização do juíz da Vara da Infância e Adolescência de Contagem. Na sequência, a delegada começou a contar como ocorreram as diligências após a denúncia do suposto crime. Ana Maria informou que uma equipe policial foi até o sítio do goleiro Bruno para investigar o caso. Durante o inquérito, Dayanne Rodrigues, ex-mulher do goleiro, disse que tinha notícia de que Eliza teria sido assassinada, mas que a informação não era verdade. Dayanne foi até à delegacia acompanhada do motorista do goleiro, Wemerson Marques de Souza, o "Coxinha".
"Coxinha" Na delegacia, "Coxinha" se dispôs a levar os policiais até o local onde o filho de Eliza Samudio estaria escondido. Segundo o motorista, o bêbe havia sido entregue a ele por Dayannne, às margens da BR-040, para que a criança fosse levada para outro local.
Conforme a delegada, "Coxinha" disse que quando recebeu a criança foi orientado a chamá-lo pelo nome de Ryan Yuri. Ainda de acordo com Ana Maria, após diligências em três residências, Bruno Samudio foi encontrado na casa de uma moça identificada como Geisla, 14 dias após o desaparecimento de sua mãe. No dia seguinte, 25 de julho de 2010, Dayanne foi presa em flagrante sob suspeita de sequestro de Bruninho.
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Após o interrogatório da juíza Marixa Fabiane Lopes, o promotor Henry Wagner Vasconcelos de Castro começou a questionar a delegada Ana Maria sobre a investigação. O representante do Ministério Público perguntou à delegada porque "Coxinha" recebeu a criança. O motorista teria dito, conforme Ana Maria, que quando Dayanne Rodrigues entregou-lhe a criança ela teria dito que precisava esconder o Bruninho por causa da movimentação da polícia no sítio do atleta e que não queria que o bebê trouxesse complicações para o goleiro Bruno.
Ex-mulher de Bruno Sobre o depoimento de Dayanne Rodrigues, a delegada contou que durante a oitiva não houve nenhuma pressão sobre ela. A ex-mulher de Bruno sempre mostrou tranquilidade em suas falas. A delegada desmente, então, a informação que circulou na mídia de que a ex-mulher do goleiro havia sido torturada para prestar depoimento. Pouco tempo depois dos boatos, conforme Ana Maria, as informações se mostraram inverídicas. Dayanne, inclusive, teria dito que escreveu uma carta relatando a denúncia sob a orientação do advogado Ércio Quaresma. O defensor teria dito que era para "amaciar a situação dela durante o julgamento".
Posteriormente, Dayanne foi absolvida do crime de denunciação caluniosa. Entenda o caso Eliza Samudio está desaparecida desde o dia 4 de junho de 2010, quando fez um último contato telefônico com uma amiga. Segundo a polícia, ela foi morta e teve seu corpo esquartejado. No entanto, os restos mortais da ex-modelo não foram localizados até hoje. Acusado de homicídio triplamente quaificado, sequestro, cárcere privado e ocultação de cadáver, o goleiro Bruno está sendo julgado esta semana. Segundo a acusação, o atleta seria mandante do crime. Além dele, está sendo julgada também sua ex-mulher Dayanne Rodrigues, que responde por sequestreo e cárcere privado. O ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o "Bola", é acusado de matar Eliza Samudio. Ele responde pelos crimes de homicídio duplamente qualificado, sequestro, cárcere privado e ocultação de cadáver. O julgamento de "Bola" está marcado para ocorrer no dia 22 de abril. O ex-policial, o goleiro Bruno e sua ex-mulher Dayanne Rodrigues tiveram o processo desmembrado durante o júri popular que ocorreu de 19 a 23 de novembro do ano passado, no Fórum Doutor Pedro Aleixo, em Contagem. Na ocasião, apenas Luiz Henrique Romão, o "Macarrão", e Fernanda Gomes Castro, ex-namorada de Bruno, foram julgados. Macarrão foi sentenciado a 15 anos de prisão e Fernanda a cinco no regime aberto. Além deles, ainda serão julgados o ex-caseiro do sítio de Bruno, Elenilson Vítor da Silva e o motorista do atleta, Wemerson Marques de Souza, o "Coxinha". Os réus respondem por sequestro e cárcere privado e devem ser julgados em 15 de maio.
Atualizado às 17h23