(Wesley Rodrigues)
Passar ou não o fio dental? Eis a questão! Tão indicado por todo e qualquer dentista, o uso do produto virou polêmica recentemente. Tudo porque, alegando falta de evidências confiáveis, o governo dos Estados Unidos retirou a recomendação do item de higiene do Dietary Guidelines for Americans. O documento é uma espécie de guia que dita as políticas de saúde do país e chega a ser referência mundial. Porém, por aqui no Brasil, a indicação dos profissionais da área não é bem essa. O fio é, segundo eles, um importante complemento na limpeza bucal.
“Ele vai onde a escova não penetra: entre os dentes. E não há outro produto que faça isso. Sem a higienização adequada, os problemas são graves. Podem ir desde a cárie até a inflamação do dente e a perda dele”, alerta o presidente do Conselho de Odontologia de Minas Gerais (CRO-MG), Luciano Elói Santos.
Ciente dos problemas que podem ser causados pela falta do fio dental, a terapeuta ocupacional Francielle Silva Pacheco, de 23 anos, não fica sem o item de limpeza, feita duas vezes ao dia. “Aprendi desde cedo a importância dele para prevenir doenças bucais. Tenho dentista na família que o recomenda e, para mim, faz a maior diferença”, afirma.
Mas existem pessoas que não são adeptas da prática. Ou elas simplesmente não usam o produto ou apenas o passam entre os dentes para retirar restos alimentares, como um pedacinho de carne. A utilização inadequada, de acordo com o presidente do CRO-MG, é a causa da conclusão do estudo dos EUA. “Muita gente faz a escovação em 20 segundos e só passa, não lixa, o fio dental, e isso não é suficiente para evitar cáries, por exemplo. Todo esse processo tem que levar no mínimo cinco minutos. É preciso passar o fio lixando entre os dentes”.
Antes ou depois da escovação, não importa. “Há dentistas que recomendam as duas opções. Indico escovar e usar o fio em seguida, assistindo televisão, por exemplo. É uma forma de usar bem esse tempo e higienizar corretamente”, orienta Luciano.
Desde pequenas as crianças devem ser ensinadas a usar o fio dental. Para incentivar o hábito há produtos no mercado com imagens infantis e que estimulam os pequenos.
Medicamento
Além do fio dental, o secretário-geral da Associação Brasileira de Odontologia (ABO), Marcelo Januzzi, reforça que o antisséptico bucal pode complementar a limpeza dos dentes. Porém, ao contrário do que muita gente pensa, o produto acessível em qualquer drogaria e supermercado é um medicamento e pode ser prejudicial se usado indiscriminadamente. Para evitar problemas, é preciso a recomendação de um dentista.
Quantidade de cáries, tártaro e placa bacteriana são observados na hora da indicação do antisséptico. A frequência de uso também é prescrita pelo profissional. “Se uma vez por dia, três vezes por semana, por exemplo. O excesso pode afetar a flora bacteriana. Os antissépticos são fármacos e matam bactérias da boca”, frisa o especialista.