Moradores impediram a entrada dos ônibus e dos trabalhadores no terreno onde as casas estão sendo construídas (Arquivo Pessoal)
Os moradores de Paracatu de Baixo que ficaram desabrigados após o rompimento da barragem da Samarco, em 2015, em Mariana, região Central de Minas, impediram a entrada dos trabalhadores e ônibus na obra de reassentamento nesta quinta-feira (30). Os manifestantes chegaram de madrugada e só saíram do local no final da tarde.
Durante todo o dia, uma longa fila de ônibus se formou na estrada de acesso e era possível ver dezenas de operários da obra do lado de fora do assentamento.
Segundo a liderança do movimento, o motivo do protesto é a lentidão dos trabalhos e a dificuldade de negociação com a Fundação Renova, criada para reparação dos danos da trgaédia de 2015. Eles pedem a inclusão de moradores que ficaram desabrigados, mas não têm garantia de moradia no assentamento.
"Já faz quase sete anos que a tragédia aconteceu e as casas não estão prontas", reclamou Joyce Carolyne, uma das líderes do movimento. "Amanhã estaremos de volta", prometeu.
Desabrigados de Paracatu de Baixo denunciam demora e descaso na obra para assentar as famílias quase 7 anos após a tragédia (Arquivo Pessoal)
Arlinda Silva contou que nasceu em Paracatu, onde criou os quatro filhos e que morava em uma propriedade que foi completamente destruída pela lama da mineradora.
"Agora que o assentamento está sendo construído, meu nome não está na lista. Eu tento conversar com a Fundação Renova e não tenho resposta", afirmou a desabrigada que mora em uma casa alugada pela Renova, em Mariana.
Durante a tarde desta quinta (30), em encontro com representantes da fundação, em frente ao assentamento, Arlinda passou mal e precisou ser amparada por familiares e amigos. "Quero uma resposta, já passou tempo demais", disse a desabrigada.
Quem também relatou problemas é Jerônimo Batista, que nasceu em Paracatu de Baixo e perdeu a propriedade rural com o rompimento da barragem do Fundão.
"Tinha uma propriedade de três mil m² e outra de três hectares onde criava meus animais. Mas a Fundação Renova quer me ressarcir apenas parte do terreno sem incluir a área para minhas criações. Não posso aceitar isso", afirmou o morador que também participou do protesto.
Em nota, a Fundação Renova informou que considera legítima qualquer manifestação popular, mas que não é possível negociar mediante ações que violem o direito de ir e vir de terceiros, trazendo riscos para as pessoas. A empresa informou ainda que não comenta casos individuais.
Obras
A empresa não informou quantas casas já estão prontas no assentamento e nem quando a obra será concluída. Mas, até maio de 2022, foram iniciadas as obras de 36 casas e das escolas fundamental e infantil e do posto de saúde. A infraestrutura também estaria próxima de ser concluída.
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