Desaparecimento de criança completa um mês sem abertura de inquérito

Thaís Mota - Hoje em Dia
04/06/2013 às 18:00.
Atualizado em 20/11/2021 às 18:50

Após um mês do sumiço de Emily Ketlem Ferrari Campos, de 8 anos, a delegacia de Rio Pardo de Minas, na região Norte do Estado, ainda não abriu inquérito para apurar o caso. Segundo informações da assessoria de comunicação da Polícia Civil, as investigações estão sendo conduzidas por meio de um procedimento administrativo de desaparecimento, aberto pelo delegado Luiz Cláudio Freitas do Nascimento, após o sumiço da criança.   Ainda conforme a PC, o procedimento possui mais de 700 páginas e o inquérito deve ser aberto até o final desta semana. Mas o delegado afirmou que ainda precisa apurar novas informações antes que as investigações passem a constar em um inquérito. "Não é que não tenha um inquérito. Na prática, o procedimento de desaparecimento é a mesma coisa. Porém, o inquérito só existe a partir de um crime", explicou Luiz Cláudio. E acrescentou: "Eu não posso falar de crime, jogando ao vento, e depois voltar atrás. Tenho que me responsabilizar nas minhas colocações na imprensa e no inquérito".   O delegado afirmou, também, que todo o procedimento administrativo foi conduzido como se fosse um inquérito e que é questão de minutos para que ele seja transformado em um. "Basta ir no sistema e mudar a categorização, mas ainda não trabalhamos com a hipótese de um crime. Para isso ainda preciso confirmar algumas informações e conferir o relatório de ligações telefônicas de uma das testemunhas, que deve chegar nesta quarta-feira", garantiu.   Entretanto, a afirmação do delegado revelou uma contradição, já que em vários momentos das investigações ele afirmou à imprensa que a divulgação de informações sobre o caso poderiam oferecer risco à criança. Além disso, Luiz Cláudio chegou a dizer que o suspeito poderia ser alguém da própria família e que se o conteúdo dos depoimentos colhidos ou as suspeitas da polícia chegassem aos ouvidos do investigado, ele poderia se assustar e tentar alguma coisa contra a vida da criança.    Durante toda esta semana, o delegado permanecerá no Rio de Janeiro, a mais de 1.000 quilômetros de distância de Rio Pardo de Minas. Segundo Luiz Cláudio, ele está na capital fluminense para checar endereços e averiguar informações sobre o desaparecimento de Emily Ketlem. Contudo, a alegação do responsável pelo caso foi veementemente contestada pelo advogado da família da criança, Diogo Emanuel Corrêa.   Segundo o defensor, as investigações foram interrompidas desde que equipe da Delegacia Especializada em Localização de Pessoa Desaparecida de Belo Horizonte deixou Rio Pardo de Minas, na última sexta-feira (31). Além disso, Diogo Emanuel afirmou que o delegado teria ido ao Rio de Janeiro a descanso. "As investigações estão a um passo de serem concluídas e caberia ao delegado dar o próximo passo, mas ele viajou para o Rio", afirmou. E completou: "Ele alega que está investigando lá, mas ele não tem poder pra investigar no Rio de Janeiro".   Por causa disso, Diogo Emanuel está organizando uma manifestação que deve acontecer às 17 horas desta quarta-feira (5) em frente à delegacia de Rio Pardo. "A sociedade já abraçou a causa e vamos denunciar a ineficiência da polícia e do Estado e gritar por Justiça. A família está sofrendo muito". Além disso, o advogado entrou em contato com alguns parlamentares da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) e o deputado Paulo Guedes apresentou na tarde desta terça-feira um requerimento de audiência pública junto à Comissão de Direitos Humanos.   Conforme o gabinete do deputado, o pedido deve ser analisado durante a próxima reunião da Comissão, marcada para acontecer às 9 horas desta quarta-feira. Caso o requerimento for aprovado, a audiência deve ser marcada para a próxima semana em Rio Pardo de Minas.    Pista falsa   Nesta terça-feira (4), o delegado Luiz Cláudio recebeu uma pista falsa de que Emily Ketlem estaria sendo mantida em um cativeiro em Montes Claros, no Norte de Minas. No entanto, quando a Polícia Militar (PM) chegou ao local encontrou uma adolescente de 16 anos que estava sendo mantida refém há 24 horas por dois homens.    Desaparecida   Emily Ketlem, que possui Transtorno de Déficit de Atenção (T.D.H.), sumiu enquanto brincava na porta de casa, no dia 4 de maio, por volta das 17 horas, na avenida Padre Eurácio Giraldi, bairro Cidade Alta. Os pais da criança são separados e, no dia do sumiço, o pai havia deixado a menina na casa da ex-mulher por volta das 15 horas. Em seguida, viajou para a cidade de Taiobeiras, conforme relatou em depoimento à polícia. Desde então a menina não foi mais vista. Um carro preto teria sido visto rondando a residência no dia do crime.   Na sexta-feira (17), Emily completou 8 anos, mas a festa que teria bolo de princesas acabou sendo adiada. De acordo com uma tia da menina, ela estava eufórica com a proximidade do aniversário e até a lista de convidados estava pronta. Como ainda está na fase de alfabetização, a garota pediu para que os parentes soletrarem os nomes dos amiguinhos que gostaria de convidar para a comemoração. A festa seria feita no no dia 12, coincidindo com o Dia das Mães.

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