A situação das rodoviárias de Betim e Vespasiano põe em destaque o descaso de autoridades da Região Metropolitana de Belo Horizonte com o transporte coletivo, por ônibus. A primeira foi construída pela empresa responsável pela comercialização do Metropolitan Garden Shopping, como medida compensatória ao município. Inaugurada no dia 30 de junho do ano passado, com expectativa de circular por ali 1,5 milhão de pessoas mensalmente, nunca funcionou.
A segunda começou a ser construída em novembro de 2011, com previsão de gastos de R$ 5 milhões pela prefeitura de Vespasiano e conclusão em um ano. Está praticamente às moscas. Só é usada por poucos ônibus da Viação Buião que circulam apenas na cidade. O edifício apresenta problemas, como afundamento do piso e rachaduras nas paredes e teto. Foi construído num antigo brejo e lixão, sem sondagem do solo e sem compactação adequada.
Em Vespasiano, o prefeito que autorizou e pagou pela obra foi reeleito no ano passado. Não há, portanto, problema de descontinuidade administrativa, ao contrário de Betim, onde a oposição saiu vitoriosa nas eleições. A parceria da prefeitura com a iniciativa privada foi decidida após a população ter escolhido a construção da primeira rodoviária de Betim como uma das prioridades do Orçamento Participativo de 2010. Teriam sido investidos na construção cerca de R$ 20 milhões.
O mais curioso é que a atual administração municipal alega não ter responsabilidade pelo empreendimento, porque não recebeu o termo de transferência de propriedade. Mas a empresa que, segundo a prefeitura, ainda é dona do imóvel, diz que a transferência foi feita em agosto de 2012. Portanto, dois meses após a inauguração. Acrescenta a empresa que a construção obedeceu ao projeto aprovado pela prefeitura, com acompanhamento técnico dos órgãos responsáveis. O ex-secretário de Infraestrutura José do Carmo Dias nega qualquer erro no projeto. O problema seria apenas, segundo ele, “falta de vontade política do atual governo”.
Qualquer que seja a causa, o que transparece é a desatenção das autoridades para resolver uma questão que a população das duas cidades que precisa viajar de ônibus considera muito importante. E reforça a necessidade de que a nova rodoviária projetada para a capital, no Bairro São Gabriel, tenha bom projeto e que seja bem construída e operada em proveito da população – e não apenas do consórcio vencedor da licitação.