(Reprodução)
Ele é móvel, pode ser utilizado em locais remotos, não tem cabos de energia nem de transmissão de dados e é abastecido com energia solar. Um novo e moderno equipamento de segurança, desenvolvido por um trio de mineiros, promete ser mais uma arma contra a criminalidade.
Chamado de Sistema de Monitoramento Autônomo (SAM), o aparelho é capaz de monitorar áreas do campo ou da cidade e começou a ser produzido em série. Agora, concorre a um prêmio nacional de inovação.
Em tempo real
O SAM funciona no escuro e pode ser posicionado em diferentes espaços para captar imagens e áudio em tempo real. Os dados são enviados para o receptor via redes wi-fi, 3G e 4G, e até por antena em regiões sem sinal.
A ideia de construir o equipamento partiu do arquiteto Fernando Pena. Para desenvolver o projeto, ele submeteu a pauta ao Inova Talentos – programa que seleciona trainees para trabalhar em iniciativas inovadoras de pesquisa e desenvolvimento na indústria nacional.
Foi assim que ganhou o reforço de dois jovens recém-formados, a engenheira eletricista Dayane Stefany Ferreira e o engenheiro de computação Guilherme Batista Almeida, bolsistas do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Juntos, os pesquisadores belo-horizontinos trabalharam por um ano para desenvolver o SAM, que teve o projeto finalizado no fim de 2015. “Hoje para você implementar um sistema de segurança, é preciso fazer uma grande estrutura, passar cabos e comprar equipamentos, como câmera e gravador. Isso é caro, requer um custo muito alto e mão de obra especializada. E em locais mais afastados você não consegue ter esse tipo de rede”, explica Guilherme.
A ideia é que o aparelho possa ser alugado por empresas, organizadores de eventos e até mesmo pelo poder público para situações em que não há necessidade de monitoramento constante. “Muitas vezes você tem um canteiro de obras e só quer monitorar a área enquanto está tendo aquela construção. Aí você vai fazer aquela grande infraestrutura para depois, num tempo mínimo, ter que se desfazer dela? Nessas situações, um sistema móvel é essencial”, destaca Dayane.
Outras áreas
Além de canteiros de obras, mineradoras, aeroportos e outros espaços que não precisam ser monitorados constantemente, o engenheiro de computação Guilherme Almeida reforça que o projeto inovador tem potencial de intensificar o sistema de segurança pública das cidades em eventos esportivos, culturais e até mesmo em locais que são alvo frequente de vandalismo.
“O SAM funciona no escuro, consegue dizer se alguém invadiu a área, e avisar guardas por notificação no celular ou em computadores. Assim, eles não precisam estar espalhados por todo o local, podem ficar em um lugar mais seguro e sem chances de serem rendidos pelos ladrões”, diz.
Responsáveis pelo projeto concorrem a prêmio nacional
O projeto desenvolvido pelos engenheiros mineiros está concorrendo à premiação nacional do programa Inova Talentos, que ocorre neste mês. Foram selecionados três projetos e um artigo acadêmico de cada Estado para concorrer na última fase. O prêmio para o primeiro lugar é uma missão internacional para visitar um centro de inovação fora do país.
Dayane e Guilherme já foram premiados na etapa estadual, em agosto deste ano: ele na categoria de equipes e ela na de artigo, ambos com o projeto do SAM. Nessa fase preliminar, o aparelho construído pelos jovens pesquisadores disputou com iniciativas de inovação na indústria das mais diferentes áreas do conhecimento.
Concorreram em Minas Gerais desde projetos para aproveitar resíduos de uma fábrica de tecidos a estudos para aumentar a eficiência e a rapidez na manipulação de remédios na área farmacêutica.
Dayane reforça que a premiação mostrou que é possível realizar projetos de destaque mesmo em empresas de pequeno porte e com orçamento inferior ao de grandes indústrias.
“O Inova Talentos desmistificou aquela ideia de que tem que ter muita verba e uma equipe grande e bem especializada para se montar um projeto de inovação. É possível inovar em uma pequena empresa, com recurso limitado”, diz ela, que ainda acrescenta: “nós fizemos o SAM na sede da empresa, na garagem. Ficávamos debaixo de sol e chuva mexendo nos sistemas elétricos e de computação”.
Para Guilherme, a experiência de participar de um programa de inovação logo após cursar a faculdade foi essencial para perceber que sair dos modelos tradicionais não significa necessariamente inventar um produto completamente do zero.
“A maior parte das peças já existia. O que fizemos foi pegar tudo e criar um produto novo. A maneira como você olha para um projeto é que pode trazer a inovação”, diz.