Afastadas da família e da sociedade, as mulheres sentenciadas sonham com uma chance de recomeçar a vida fora das grades. Neste final de semana, as 54 detentas do Presídio Alvorada, em Montes Claros, fizeram uma festa em comemoração ao Dia Internacional da Mulher.
O evento teve atividades de ressocialização, como um curso de maquiagem, e também a seletiva local do Miss Prisional 2017, concurso que escolhe as detentas mais bonitas de Minas Gerais. Durante a festividade, as mulheres receberam visita dos familiares e puderam ficar com os filhos. Também esteve na festa a deputada federal Raquel Muniz, que integrou a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Sistema Carcerário no primeiro semestre de 2016, visitando e avaliando condições e irregularidades de penitenciárias em todo o Brasil.
Na penitenciária, as detentas têm a oportunidade de participar de cursos profissionalizantes, como de cabeleireiro, corte e costura, maquiagem e pintura. A continuidade dos estudos é importante para que elas possam ter uma fonte de renda e se sintam parte da sociedade quando deixarem a prisão, conta Raquel. “Nós temos que dar condições para que os apenados se ressocializem e voltem a ter uma vida longe do crime”, diz.
As mulheres mostraram as habilidades aprendidas no curso maquiando a deputada.“Foi um encontro muito lindo e emocionante. A vida delas não é fácil, atrás das grades fazem planos para corrigir o passado e terem um futuro. Elas erraram, estão pagando e precisam de uma mão amiga para se recuperarem”, afirma Raquel.
Humanização para as mães sentenciadas
Na última quarta-feira (8), quando manifestações pelo mundo inteiro reivindicaram os direitos das mulheres, um projeto de lei que impede que detentas permaneçam algemadas durante o trabalho de parto e também no período de amamentação foi aprovado na Câmara dos Deputados. O PL 4176/15 foi apresentado pela Bancada Feminina, da qual Raquel faz parte, e segue para votação no Senado Federal.
Segundo Raquel, única mulher a integrar a comissão parlamentar de visita às penitenciárias, a análise do sistema carcerário na CPI levantou problemas como a superlotação dos presídios e a revista feminina vexatória. A deputada reforçou a importância de se elaborar projetos que contemplem as mulheres encarceradas.
“As mulheres são diferentes dos homens. Elas têm especificidades, são mães, muitas vezes vão para o presídio grávidas, precisam amamentar, ficam menstruadas e precisam de políticas públicas que as atendam diretamente. Elas recebem menos visitas que os homens, por exemplo, e muitas vezes são afastadas da família. Por isso, estamos pensando em outros projetos de lei que possam melhorar as condições das mulheres presas”, afirma.