(Maurício Vieira)
Há sete anos, a rotina é seguida todos os dias religiosamente: na hora do almoço, a aposentada Arlene Araújo, de 61, segue para o Restaurante Popular de Venda Nova, em Belo Horizonte, para bater-papo com amigos e saborear a comida preparada no local, vendida por R$ 3. Como companhia, tem o filho, o fisioterapeuta Ricardo Alves, de 35, que aprova o programa.
Inaugurada há dez anos, completados em 2018, a unidade fica nas dependências da Estação BHBus, na rua Padre Pedro Pinto, e já virou ponto de encontro de quem vive e trabalha na região. Diariamente, cerca de 1.350 pessoas passam por lá.
“O custo-benefício é muito bom, é um alimento de qualidade, balanceado e (que posso consumir) perto do trabalho. Uma das poucas iniciativas para a população em que vemos um retorno muito expressivo dos nossos impostos”, avalia Ricardo.
Mas comida boa a um preço baixo não é o único motivo pelo qual mãe e filho escolhem o restaurante popular. Com o passar dos anos, o espaço virou ponto de convivência. “Frequentamos há tanto tempo que já construímos um ciclo de amizade com os funcionários e outras pessoas que almoçam por aqui”, conta Arlene, que mora perto do estabelecimento.
Uma das amigas da dupla é a servente Ilmazia Lima de Melo, de 55 anos, que trabalha no espaço há dois. Entre uma passada de pano nas mesas e outra no chão do salão, ela conversa com os frequentadores. “Teoricamente, sou funcionária da limpeza, mas a gente é amiga, assistente social, psicóloga. Há pessoas que trazem questões de casa. É muito bom”, diz.</CW>
Morador de rua, Marcelo Oliveira, de 40 anos, decidiu migrar do Centro para Venda Nova por acreditar que a região é mais tranquila e dá condições melhores para se viver. Desde então, almoça todos os dias no restaurante popular. “A comida é boa e não falo isso porque venho comer de graça. Moro aqui perto e, sabendo que tenho almoço garantido, não vou roubar, pegar alimentação de outras pessoas, já que tenho direito a isso sem pagar”.
Segurança alimentar
O Restaurante Popular de Venda Nova é um dos quatro serviços de alimentação da prefeitura na capital mineira. Há unidades nas proximidades do terminal rodoviário, no Centro, no Santa Efigênia (região hospitalar) e no Barreiro. Ao todo, são servidas 10 mil refeições ao dia. Somente o Central oferece, além de almoço, café da manhã e jantar.
Diretor dos estabelecimentos, Wellemy Nogueira diz que um dos principais objetivos é garantir alimentação de qualidade especialmente para a população mais vulnerável. Pessoas que vivem nas ruas, cadastradas pela administração municipal, podem comer gratuitamente em todas as unidades. Beneficiários do Bolsa Família pagam metade do valor.
“Conseguimos combater a insegurança alimentar, garantindo todos os nutrientes necessários para pessoas de todas as rendas, incluindo aquelas em situação de rua”, afirma Wellemy Nogueira.Maurício Vieira
"“A alimentação é um momento sagrado para mim. Para comer, preciso me sentir bem, e esse é um local especial, aconchegante, com cara de casa”
Gilberto Neves
Corretor de imóveis
Maurício Vieira
“Teoricamente sou funcionária da limpeza, mas a gente é amiga, assistente social, psicóloga. Há pessoas que trazem questões de casa.
É muito bom”
Ilmázia Lima de Melo
Funcionária da unidade Venda Nova