Dez pessoas são presas suspeitas de aplicar golpe do falso emprego; vítimas eram adolescentes

Dez pessoas foram detidas suspeitas de aplicar o golpe do falso emprego em Belo Horizonte. De acordo com a Polícia Civil, a quadrilha usava uma empresa de Recursos Humanos de fachada, que oferecia vagas de emprego e desaparecia com o dinheiro dos candidatos.

Quatro integrantes do grupo criminoso foram presos em flagrante, nesta quinta-feira (10), suspeitos de estelionato, organização criminosa e corrupção de menores. Os outros seis, entre eles uma adolescente de 17 anos, também foram conduzidos à delegacia e são investigados. A polícia estima que eles arrecadavam, a cada 15 dias, entre R$ 180 a 250 mil.

De acordo com a delegada Cinara Rocha o alvo da quadrilha eram menores aprendizes, com idades entre 14 e 18 anos. Na quinta, uma das vítimas procurou a polícia, depois que a suposta empresa de contratação pediu R$3 mil por um curso. A vítima contou aos policiais que, depois de explicar que não tinha condições financeiras, os golpistas sugeriram que ela desse uma entrada à vista e pagasse o restante em 12 meses, com o  salário que iria receber. 

Ainda segundo a delegada, quando a polícia chegou ao local, encontrou duas vítimas que assinaram um contrato e tinham recebido o encaminhamento para o suposto emprego, depois de efetuar o pagamento.

O golpe

Segundo as investigações, a organização utilizava um site para oferecer vagas de trabalho em empresas reais, mas não tinha nenhum vínculo com elas.

Depois de receber o currículo dos adolescentes, os suspeitos entravam em contato com as vítimas e explicavam que era necessário fazer um curso, com a promessa de início imediato no emprego após a conclusão. 

De acordo com Cinara Rocha, a empresa captava e entrava em contato com o candidato oferecendo a vaga de emprego, com salários que variavam entre um e dois salários mínimos. “Quando a vítima comparecia ao endereço do escritório, os recrutadores questionavam se ela possuía algum tipo de curso de capacitação”, detalhou.

Diante da negativa da vítima, os investigados disponibilizavam a venda do curso. “A empresa falava que o curso era requisito para o emprego e oferecia esse curso ao candidato, contudo, esse curso deveria ser pago. Esse valor dependia do poder aquisitivo da vítima. Temos vítimas que pagaram R$ 1.800, outras R$ 200 pelo curso, sendo que o valor médio seria de R$ 600”, conta Cinara.

Os alunos, além de não conseguirem acessar a plataforma EAD para fazer o curso, quando compareciam ao local indicado para iniciar o trabalho,  descobriam que a vaga não existia.

As vítimas eram encaminhadas para salas comerciais vazias. Quando ela retornava até a empresa de captação de emprego, ela também já não funcionava mais no local. Uma das formas de atuação deles é a mudança da sede a cada 15 dias. É mais ou menos o tempo que a vítima vai perceber que caiu no golpe”, explica a delegada.

Alerta

O delegado Emílio Oliveiro, que responde interinamente pela 2º Delegacia de Polícia Civil Sul, faz um alerta para quem está procurando emprego. “As pessoas devem ficar atentas e desconfiarem de propostas muito atrativas. Vagas de trabalho muito bem remuneradas e obtidas de forma simples são indicativos de golpe, ainda mais se atreladas ao pagamento de curso de qualificação. É importante que a população pesquise sobre a empresa que está ofertando e o seu histórico”.

Emílio ainda acrescenta que “caso alguém tenha sido vítima desse crime, procure as delegacias da Polícia Civil para o registro de ocorrência, para que possamos responsabilizar criminalmente essas pessoas e contribuir para a investigação desse grupo criminoso”, concluiu

As investigações prosseguem para identificar outras pessoas envolvidas no esquema criminoso. Durante a operação foram apreendidos documentos, contratos, aparelhos celulares e nove máquinas de cartão de crédito.

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