(Carlos Henrique)
Cerca de 100 pessoas participam de uma manifestação contra a venda de animais no Mercado Central, na tarde deste sábado (28), na região Centro-Sul de Belo Horizonte. O grupo denuncia as más condições às quais cães, gatos e pássaros, principalmente, são submetidos nas lojas, dentro de pequenas gaiolas.
Além de combater maus tratos, os manifestantes questionam a venda de bichos em um local onde também são comercializados alimentos e afirmam que essa situação gera "incompatibilidade sanitária". Segundo o consultor legislativo e ativista Antônio Brito - que fantasiou-se de morte para encenar a perseguição aos animais -, o Mercado, considerado ponto turístico importante da cidade, parou no tempo ao manter esse tipo de comércio.
"Até os empregados e as pessoas que frequentam o espaço estão expostos a doenças que podem ser transmitidas por esses animais. Muitos deles são doentes, sem vacinas e vários acabam morrendo", afirma.
De acordo com Brito, a resolução 1.069, do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV), é desrespeitada pelos comerciantes. Ele chama a atenção para o artigo 10, que determina, dentre outros fatores, que o estabelecimento mantenha por dois anos o registro dos dados do animal: identificação, procedência, espécie, raça, sexo, idade real ou estimada.
"Mas não tem nada disso, porque é tudo de fundo de quintal", protesta o ativista.
Fragilidade
O veterinário Gilson Dias Rodrigues também participou do ato, fantasiado de cachorro. Autor do laudo técnico-pericial sobre as condições sanitárias e de trato dos animais do Mercado Central de Belo Horizonte (disponível no site www.tinyurl/foradaleimc), ele diz que o estabelecimento apresenta uma série de irregularidades com a venda de bichos.
"Em meu consultório, recebo muitos animais comprados lá, sobretudo pássaros e cães. É muitíssimo comum eles morrerem e levarem doenças para outros animais que os donos já têm em casa", diz.
Reação
Os manifestantes exibiram faixas, promoveram um apitaço e pediram a participação dos motoristas que trafegavam pela rua Santa Catarina, esquina com avenida Amazonas, chamando-os para buzinarem caso concordassem com o fim da venda de animais no Mercado.
Embora tenham recebido apoio da maioria, algumas pessoas que passavam pelo local não discordaram do protesto e gritaram para os participantes - maioria mulher: "vão encher um tanque de roupa para lavar".