(Maurício Vieira)
Era outubro – rosa – de 2017 quando a cabeleireira Gislene Ponciano, à época com 40 anos, foi acompanhar a tia em uma ação de prevenção ao câncer de mama em Sabará, na Grande BH. Lá, insistiu para também ser atendida e descobriu que estava com a doença. O diagnóstico precoce permitiu um tratamento eficaz.
Histórias como a dela mostram que a campanha salva vidas em meio aos elevados números da doença. Só neste ano, a cada dia, seis mineiras receberam o resultado positivo para o câncer pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Dona de um salão no General Carneiro, Gislene precisou se afastar do trabalho para se entregar, de corpo e alma, ao tratamento. Foi submetida a uma cirurgia e seguiu, à risca, as sessões de quimio e radioterapia. “Na primeira, meu cabelo caiu. Logo eu, que vivo da beleza, precisei ter forças para vencer essa difícil fase que é a da mudança na aparência”, lembra, segurando as lágrimas.
Neste outubro, dois anos após passar a encarar a vida com outros olhos, enfeitou o salão com as cores da campanha. Flores, laços e até mesmo o uniforme. “Sempre fui engajada, mesmo antes de ter a doença. Dizia para as clientes fazerem o autoexame”, relembra.
A vivência e, sobretudo, a superação “prepararam” Gislene para integrar o grupo “Pérolas de Minas”, que tem o intuito de auxiliar e difundir informações sobre o câncer de mama.
No coletivo, casos como o dela são comuns. Selma Anísia, de 52 anos, diz que havia feito uma mamografia em março de 2013. Mas não deu continuidade à investigação. Segundo ela, não houve auxílio na unidade de saúde onde foi atendida. “Mandaram marcar para outubro daquele ano, porque, como havia a campanha, os resultados sairiam mais rápido”, conta a técnica de farmácia.
Ao voltar, levou o resultado do exame anterior, ainda sem avaliação. Com os documentos, o médico pôde comprovar que havia tido um aumento significativo das microcalcificações na mama. Após a biópsia, veio a constatação de um tumor maligno. “Foi um choque. Minha família não soube no começo e evitei falar. Até a época em que precisei fazer uma mastectomia”. Com o tumor retirado, Selma faz agora acompanhamentos periódicos. “Fui salva”.
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