(Editoria de Arte)
Câncer raro, incurável e de causa desconhecida. Considerada uma doença mais comum em pessoas acima de 50 anos, o mieloma múltiplo acomete a medula óssea e representa 10% dos tumores de sangue. No Brasil, estima-se cerca de 7,6 mil novos casos por ano. O diagnóstico precoce, porém, colabora com a melhora da qualidade de vida do paciente.
Que o diga o médico aposentado Marco Aurélio Santos, de 61 anos, portador da enfermidade desde os 56. Ele afirma que se tivesse percebido os sinais teria descoberto a condição clínica cinco anos antes. “E evitado tantas lesões na coluna por conta do enfraquecimento dos ossos”, conta.
Hoje, Marco Aurélio garante conviver bem com o câncer, controlado com uma vacina aplicada mensalmente e idas ao consultório a cada 30 dias. “Mas o início foi um processo bem doloroso”, admite.
Membro do Comitê de Mieloma Múltiplo da Associação Brasileira de Hematologia, Jorge Vaz Pinto Neto diz que ainda não se sabe o que causa a doença. “Já foi feita uma relação com hábito alimentar, especialmente nos países nórdicos (Norte da Europa), onde havia inúmeros casos. Lá, comia-se muito peixe defumado. Mas pode ser uma situação casual, não necessariamente causal”, pondera. Também é desconhecido o porquê de esse câncer atingir mais homens e negros.
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A obesidade pode ser um dos fatores que desencadeiam a doença. Para o hematologista Walter Braga, responsável pelo Ambulatório de Mieloma Múltiplo da Escola Paulista de Medicina, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), exercícios físicos e alimentação equilibrada podem minimizar os riscos. “A atividade física está diretamente relacionada com a prevenção”, enfatiza.
Desconhecimento
Quanto mais cedo descobrir o câncer, mais chance de tratamento eficaz, apesar de ainda não se ter a cura. Para isso, conforme Walter Braga, parte dos médicos deve suspeitar de sinais que indicam a possível enfermidade. O diagnóstico é feito por meio de exame de sangue de rotina.
Sintomas como anemia e insuficiência renal já acendem o alerta, principalmente se o paciente tem mais de 60 anos. “Um dos fatores para a descoberta tardia é que os médicos procuram outras causas para as dores relatadas no consultório e se esquecem de que podem ser causadas pelo mieloma”, complementa o hematologista Jorge Vaz Pinto Neto.
Por conta do desconhecimento por parte dos próprios pacientes, o advogado Rogério de Sousa Oliveira, de 49 anos, diagnosticado com a doença, criou em 2012 a Associação Brasileira de Mieloma Múltiplo (Abramm). “Sabemos como é difícil ter informações sobre essa condição”, lamenta.
Controle
O tratamento consiste em medicamentos. O autotransplante também pode ser indicado. O procedimento inclui retirar células da medula óssea do próprio doente e reinseri-las no organismo.
Porém, nem todos terão recomendação médica para serem submetidos à cirurgia. Dentre os critérios para operação estão a doença em fase inicial e boas condições de saúde. O paciente não pode ter patologias graves no coração e pulmão, por exemplo, alertam os especialistas. “A pessoa não é curada, mas minimiza os sintomas e ela passa a ter uma melhor qualidade de vida”, explica o hematologista Walter Braga.