No dia 6 de março deste ano, Dilma Rousseff anunciou o resultado da seleção de projetos de saneamento para cidades médias, com investimentos previstos de R$ 33 bilhões do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2). Na ocasião, ela prometeu que as cidades de até 50 mil habitantes e as prefeituras das capitais também seriam incluídas nesse programa. Na última quinta-feira, em solenidade no Palácio do Planalto, com a presença de prefeitos de sete capitais – mas não o de Belo Horizonte – e de inúmeras pequenas cidades, a presidente da República cumpriu a promessa. Em seu discurso, o ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro, negou o caráter eleitoreiro do programa. Além de redes de esgoto, 1.198 municípios, em todos os estados, receberão um total de R$ 13,5 bilhões a serem gastos também em pavimentações de ruas e calçadas onde “o Brasil real caminha”. Para ressaltar a importância desse programa de saneamento, que historicamente não mereceu a atenção dos políticos brasileiros – pois as redes de esgoto não aparecem para os eleitores, elas ficam enterradas no chão –, Dilma lembrou um episódio. Disse que depois de junho de 2005, data em que foi nomeada ministra da Casa Civil, era uma luta conseguir recursos para saneamento. Certo dia, um colega da área fazendária lhe comunicou, entusiasmado: o FMI havia liberado R$ 500 milhões para investir em saneamento, em todo o Brasil. O valor anunciado ontem é 27 vezes maior. O ministro das Cidades afirmou que não haverá obras faraônicas e que os recursos anunciados chegarão a prefeitos de todos os partidos. Do total, R$ 10,5 bilhões deverão ser investidos em redes de abastecimento de água e esgoto sanitário e em sistemas de drenagem de águas pluviais. Os restantes R$ 3 bilhões, em pavimentação de 7,5 mil quilômetros de vias públicas e na construção de 15 mil quilômetros de calçadas, entre outras obras de mobilidade urbana. Antes de discursar por mais de 21 minutos – um terço desse tempo foi gasto para falar dos benefícios do leilão do pré-sal – a presidente da República escreveu em sua conta no Twitter que saneamento é obra escondida. “Depois que você faz, ela desaparece, mas ela aparece nos dados de saúde pública”, disse. Mas é preciso cuidado. Se os prefeitos consideram obras de saneamento básico sem importância para sua carreira política, há grande probabilidade de os recursos serem desviados para outras bem menos necessárias à população.