GOVERNADOR VALADARES – A fórmula para desastres em períodos chuvosos contém um importante componente: o despreparo do gestor público. “É um problema que fica evidente quando novos prefeitos assumem o cargo”, afirma o diretor-executivo da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (Cedec), tenente Leonardo Muillo.
Ele participou da reunião do órgão com representantes de 40 cidades afetadas pela chuva, no último sábado, em Governador Valadares, no Leste de Minas, para orientá-los sobre como vencer trâmites burocráticos e pleitear recursos para obras. Mesmo em cidades maiores, afirma Muillo, há dificuldade técnica para elaborar e executar projetos de prevenção a desastres.
A prefeita de Governador Valadares, Elisa Maria Costa, reconhece. A cidade, de mais de 260 mil habitantes, foi castigada por volumes recordes de chuva em dezembro, registrando inundações em vários bairros. “Não temos geólogos ou hidrólogos. Além dos nossos engenheiros, precisamos terceirizar o trabalho. Temos feito obras, retirando pessoas de áreas de risco. Fazemos licitações, mas não há interessados”, afirma Elisa.
ATÍPICA
Para a prefeita de Coronel Fabriciano, Rosângela Mendes, a chuva fora do normal contribuiu para agravar os estragos na cidade do Vale do Aço. Ela diz que nem o projeto de urbanização do Ribeirão Caladão, o Parque Linear, impediria o desastre, mas amenizaria os impactos. “Já tivemos duas licitações e não tivemos interessados. Refaremos o certame em janeiro”, afirmou.
O aposentado Geraldo Magela Pinto, de 61 anos, enfrentou, em dezembro, a terceira enchente, em um ano, no bairro São Geraldo, em Coronel Fabriciano. Ele perdeu móveis, eletrodomésticos e roupas. “Minha casa está para ser desapropriada há dois anos, para a construção de um parque linear, mas nada aconteceu ainda”, lamenta.
A vizinha de frente, a cozinheira Marilza Ferreira, de 42 anos, passa pela mesma situação. “Chamei a Defesa Civil e até agora ninguém apareceu. A casa ameaça cair e não estou dormindo lá”. A prefeita Rosângela avisa: “Não dá para solucionar de uma vez. Faltam recursos”.