Pneumologista pediatra alerta para cuidados com as crianças durante outono e inverno
Letícia Buchacra levou o filho Bernardo ao João Paulo II, onde recebeu atendimento da médica Chalene Mezêncio (Francis Campelo/Fhemig)
Com a chegada do outono e inverno, a incidência de doenças respiratórias em crianças aumenta de forma considerável. Só no Hospital Infantil João Paulo II (HIJPII), os meses de março a maio de 2023 e 2024 registraram média mensal de 534 internações pediátricas, salto de 40% em relação a outros períodos. A média do pronto atendimento também cresce: 4.721 a cada 30 dias - cerca de 50% a mais.
E por que os vírus adoram o frio? A pneumologista pediatra do HIJPII Chalene Mezêncio explica que a sazonalidade das doenças respiratórias está ligada a uma combinação de fatores. "Ambientes fechados, menor ventilação e maior circulação de vírus típicos dessa época facilitam a transmissão. Crianças em creches ou em contato com irmãos mais velhos, que trazem vírus da escola, ficam mais vulneráveis a infecções", afirma.
Os bebês são os que geram mais preocupação. A bronquiolite, inflamação dos bronquíolos causada principalmente pelo vírus sincicial respiratório (VSR), lidera as internações graves, inclusive em UTIs. "Os menores de um ano são nosso maior foco de atenção. O mesmo vírus que causa um resfriado simples em uma criança maior pode levar um bebê à terapia intensiva", destaca a médica.
Nem toda febre exige uma ida ao pronto-socorro, mas alguns sintomas não podem esperar. Chalene orienta: "Febre persistente por mais de três dias, prostração, recusa de alimentação, vômitos ou dificuldade respiratória — como respiração acelerada, marcando as costelas — são sinais de alerta". Para crianças com histórico de doenças respiratórias, como asma e alergias, o cuidado deve ser redobrado.
Caso do Bernardo, de 1 ano e meio. Ele tem hipogamaglobulinemia (condição rara que afeta o sistema imunológico), o que o deixa mais suscetível a infecções. “Ele já foi internado no CTI por bronquiolite e pneumonia. Quando o vi com esforço respiratório e saturação diminuindo, corri para o João Paulo II. Aqui o atendimento é especializado", relata a mãe, Letícia Buchacra.
Para suprir a demanda, o Governo de Minas, por meio da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), anunciou a abertura de 12 leitos semi-intensivos no HIJPII. O pronto atendimento poderá ganhar reforço de dois consultórios do Ambulatório de Especialidades.
As equipes multidisciplinares também serão expandidas, com possibilidade de aumentar de quatro para seis médicos na porta em períodos de pico.
* Informações da Agência Minas
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