'homicídio torpe'

Dupla suspeita de aplicar silicone industrial que matou mulher trans é julgada em BH

Raquel Gontijo
raquel.maria@hojeemdia.com.br
13/06/2023 às 15:00.
Atualizado em 13/06/2023 às 15:12
 (Divulgação / TJMG)

(Divulgação / TJMG)

Duas mulheres trans suspeitas de aplicar silicone industrial em uma colega, também transsexual e que acabou morrendo, estão sendo julgadas nesta terça-feira (13), no Fórum Lafayette, região Centro-Sul de Belo Horizonte. Uma terceira ré é acusada pelo crime e terá sentença será proferida separadamente - ela aguarda decisão do Tribunal de Justiça (TJMG) para definir a data do júri popular. 

A Justiça classifica o crime como homicídio torpe, já que as denunciadas assumiram o risco de matar a vítima - como de fato ocorreu -, com o escopo de auferir vantagem econômica com o recebimento do preço a ser pago.

Nesta tarde, ainda durante o julgamento, uma das rés assumiu ter realizado o procedimento, mas disse que foi a pedido da vítima - que já teria feito o mesmo procedimento na ré há um tempo.

Disse, ainda, que foi uma troca de favores, pois “no meio delas”, “uma trans ajuda a outra”. Afirmou , também. que não imaginava que o procedimento pudesse causar morte da colega por ser uma prática conhecida entre mulheres trans. 

Relembre o caso 

O crime aconteceu em abril de 2022, em um terreiro de candomblé, no bairro Coqueiros, região Noroeste de BH. A dupla teria injetado cerca de dois litros de silicone industrial nas nádegas de Rafaela Luiz Monteiro (nome social), substância proibida para uso humano. 

As rés não possuem qualquer formação profissional para realização de procedimentos estéticos. De acordo com a Polícia Civil, a dupla teria realizado a aplicação em local clandestino e insalubre, sem mínimas condições básicas sanitárias e de suporte médico, uma vez que a vítima passou por complicações durante o procedimento e faleceu sem que o atendimento de emergência pudesse socorrê-la a contento.

Após a morte de Rafaela, as rés, com o intuito de enganar os peritos e policiais e dificultar as investigações, limparam o local, modificaram a posição do corpo após a morte, recolheram e ocultaram o material e os instrumentos utilizados, como seringas, resto e embalagem do silicone Industrial,  esparadrapos, além de destruir vestígios da prática do crime. 

A dupla afirmou, falsamente, que a vítima teria realizado o procedimento estético em outra data, quatro dias antes, em Goiânia (GO) e que ela estava na residência se recuperando.

Ainda, durante as investigações, uma segunda vítima foi descoberta. Trata-se de outra trans, de 36 anos, que morreu no dia 1º de junho por complicações depois de receber o silicone industrial no corpo. A vítima teria feito duas aplicações com as suspeitas. A primeira de quatro litros e a segunda de dois litros.

Segundo a Polícia Civil, uma das rés possui passagem por diversos crimes, entre eles exploração sexual de menores, homicídio, ameaça, lesão corporal e, também, por chefiar um ponto de prostituição em Contagem, na Grande BH.

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