Em CPI da Assembleia, executivo da Vale afirma que desconhecia riscos em barragem de Brumadinho

Da Redação
04/06/2019 às 15:28.
Atualizado em 05/09/2021 às 18:57
 (Guilherme Dardanhan/Divulgação)

(Guilherme Dardanhan/Divulgação)

O diretor-executivo de Ferrosos da Vale, o geólogo Gerd Peter Poppinga, afirmou que não tinha conhecimento sobre os riscos de estabilidade da barragem de rejeitos B1, da Mina de Córrego de Feijão, durante audiência da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da barragem de Brumadinho, da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).

Aos deputados, o executivo disse que não conhecia os contratos com as auditoras externas contratadas pela mineradora para analisar a estabilidade da barragem e nem foi comunicado sobre os vários problemas detectados na estrutura desde meados de 2018. Poppinga afirmou também que todas as 130 barragens da Vale tinham laudo de estabilidade e que a empresa trabalha sob o princípio de que “segurança de barragens se faz nas pontas”, oferecendo autonomia aos geotécnicos que cuidam do monitoramento e operação dessas estruturas.

“O que sabia é que a barragem estava paralisada e estava sendo elaborado um projeto de descomissionamento, mas que ainda precisavam conhecer melhor o interior dela”, afirmou Poppinga, durante a audiência.

Segundo o executivo, contratos de serviços abaixo de R$ 100 milhões não passam pela diretoria executiva e são definidos pelos executivos operacionais. Ele afirmou que, em outubro do ano passado, participou de uma reunião do departamento de Gerenciamento de Riscos do Negócio (GRN), na qual foi apresentado um quadro afirmando que mais de 90% das barragens da Vale estavam em total segurança, dez pediam alguma atenção e nenhuma necessitava de alguma intervenção imediata.

Deputados perguntaram ao diretor-executivo por que a Vale não seguiu as recomendações propostas pela auditora Tüv Süd, que atestou a estabilidade, com algumas observações. Uma das orientações era instalar 30 drenos horizontais, para retirar a água de dentro da barragem. Em meados do ano passado, quando foi instalado o 15º dreno, houve uma fratura hidráulica na estrutura e a empresa suspendeu o trabalho.

Poppinga disse apenas que não tinha conhecimento de que as recomendações não foram cumpridas. E reafirmou que não havia “sinais” de que a barragem poderia se romper.

Procurada pela reportagem, a Vale afirmou que a mineradora e seus empregados têm apresentado, desde o momento do rompimento da barragem, todos os documentos e informações solicitados e, como maior interessada na apuração dos fatos, continuará contribuindo com as investigações. “Todos os empregados e executivos convocados têm comparecido às sessões da CPI com a disposição de cooperar com os trabalhos, inclusive declinando do direito ao silêncio", afirmou a empresa.

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