(Eugênio Moraes)
Após a fase de depoimentos das testemunhas e apresentação das peças jurídicas, a juíza Marixa Fabiane Lopes começou a ouvir por volta de 18h30 desta terça-feira (5), a ex-mulher do goleiro Bruno Fernandes. Dayanne Rodrigues está sendo julgada pelos crimes de sequestro e cárcere privado do filho do atleta com a ex-modelo Eliza Samudio. A juíza Marixa Fabiane Lopes pediu que o goleiro Bruno deixasse o tribunal do júri durante o depoimento de sua ex-mulher. O interrogatório da ré começou com a leitura da denúncia sobre o desaparecimento e morte de Eliza Samudio. Dayanne negou que tenha sequestrado Bruno Samudio ou mantido a criança em cárcere privado. A ex-mulher contou que o primeiro contato com o filho que o goleiro teve com a ex-amante foi no dia 9 de junho de 2010, véspera da morte de Eliza Samudio. Ela conheceu a criança no sítio do atleta em Esmeraldas, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Ainda segundo Dayanne, ela chegou a Minas Gerais no dia 4 de junho, acompanhada de suas filhas. Ela estaria vindo para se hospedar no sítio, mas antes passou na casa da mãe e da avó de Bruno, dona Estela Souza. Conforme Dayanne, o ex-marido disse, no domingo, que estava sendo ameaçado de morte "por um pessoal que a Eliza conhecia" e que, por segurança, gostaria que ela fosse para a casa da sogra. Ainda segundo a ré, conforme o que acontecesse, Bruno a buscaria na terça-feira. Como o goleiro não a buscou no dia combinado, 8 de junho, ela então decidiu telefonar para Bruno, que não atendeu. Dayanne ligou ainda para o "Macarrão", que disse não estar mais em Minas e, só à noite, ela conseguiu falar com o caseiro do sítio, Elenílson Vítor da Silva. Segundo Dayanne, Elenílson disse que Bruno não estaria mais no sítio, mas a ré teria ouvido uma música alta ao fundo e desconfiou de alguma coisa. No dia seguinte, 9 de junho, Dayanne foi até o sítio e logo viu que na varanda do segundo andar da casa estavam o goleiro e seu primo Sérgio Rosa Sales. Na parte inferior da residência, estavam Jorge Luiz Rosa, Luiz Henrique Ferreira Romão, o "Macarrão", Elenilson e o motorista do goleiro, Wemerson Marques de Souza, "o Coxinha". Além disso, ela disse que viu uma mulher e uma criança, que estaria com Sérgio. No entanto, ela não se lembra quem era.
Dayanne chegou ao sítio acompanhada de Célia Aparecida Rosa Sales, irmã de Sérgio e prima de Bruno, e de um homem identificado apenas como Vítor. Segundo ela, ao reconhecerem o veículo da Célia, todos seguiram para o segundo andar. Ao entrar na residência, Dayanne conta que foi levada até um quarto, também no segundo andar, onde estava Eliza e seu filho, além de todas as outras pessoas que estavam no sítio. Segundo Dayanne ela não sabia quem era a mulher que estava no quarto, mas já tinha visto imagens dela em jornais. Ao questionar Bruno o que ela fazia no sítio, o goleiro respondeu que Eliza estava lá para resolver alguns problemas, mas não detalhou quais seriam estes problemas. Dayanne também perguntou diretamente para Eliza o que ela fazia no sítio, mas Bruno "mais respondia para Eliza do que ela mesma". Além disso, a ex-mulher do goleiro disse que estava um pouco alterada porque ficou nervosa ao ver a mulher no sítio. A ré contou, então, que pegou alguns pertences seus e de suas filhas, em seu quarto e, ao descer para ir embora, o goleiro a chamou para conversar perto da piscina do sítio. Lá Bruno teria lhe contado que já estava tudo acertado com a Eliza, pois daria um apartamento para ela e que tinha combinado com a ex-modelo o pagamento de um valor mensal de pensão. Além disso, o goleiro disse que a ex-esposa poderia retornar para a casa da sogra, que naquela mesma noite ele a buscaria para ficar de volta no sítio. Segundo Dayanne, Bruno garantiu que Eliza iria para o novo apartamento no mesmo dia. Conforme a ré, Bruno foi à casa da mãe para buscá-la, na noite do dia 9, e levou Bruninho para apresentar aos seus familiares, que não acreditaram muito que o menino realmente fosse seu filho. Ele teria ficado na casa da dona Estela, avó do goleiro e quem o criou, por aproximadamente 40 minutos. Ao chegar no sítio, Bruno teria dito à Dayanne que Eliza ainda estaria lá porque a pessoa que a buscaria só poderia pegá-la no dia seguinte. Mas a ré disse que não voltou a ver a ex-modelo nesta noite. No dia seguinte pela manhã, 10 de junho, Dayanne disse que pediu à Célia, que também estava no sítio, para chamar Eliza para tomar sol, já que a ex-modelo só ficava no quarto. Ainda segundo a ex-mulher de Bruno, Eliza desceu com o bebê e tomou café. Depois disso, ela ficou conversando com a Célia.
Neste dia, Dayanne contou que ficou durante o dia inteiro no sítio e só saiu um pouco à noite para levar Jorgiane Tabila de Oliveira, mulher do "Macarrão" ao médico. Segundo Dayanne, Jorgiana teria se sentido mal após uma discussão com o braço-direito de Bruno. Ainda conforme a ré, ela não viu nenhum machucado na cabeça de Eliza, apenas um ferimento no dedo, que teria ficado preso na porta. Dayanne disse ainda que Eliza circulava livremente pelo sítio do goleiro. No final da tarde, "Macarrão" que teria saído retornou ao sítio. Neste momento, todos estavam na sala e Eliza ajudava a filha de Dayanne com Bruno, que estava jantando. Então, "Macarrão" teria chamado a ex-modelo dizendo: "Está na hora. Vamos embora". Ainda segundo Dayanne, Eliza teria preparado uma mamadeira para Bruninho e depois subiu para arrumar suas coisas. Neste momento, "Macarrão" e Jorgiane teriam discutido e o braço-direito de Bruno subiu dizendo que sua esposa estava passando mal. Dayanne então foi olhar o que acontecia com Jorgiane e, quando foi buscar um copo de água para a mulher de Luiz Henrique Romão, viu Eliza entrando no carro junto com "Macarrão". A ré disse ainda que não deu muita atenção à saída dos dois, já que Jorgiane estava chorando muito. Ela disse também que não viu se as malas da ex-modelo foram levadas ou não.
Atualizada às 19h40