Na era da crise hídrica, pode-se dizer que o endereço do desperdício fica em Belo Horizonte. Mais precisamente em um terreno baldio no bairro Ouro Preto, região da Pampulha. Do local, propriedade de uma construtora, um filete de água jorra dia e noite, semana a semana, mês a mês e, pasmem, ano a ano. Segundo vizinhos, o vazamento acontece há pelo menos uma década.
A situação, considerada um “atentado” à cidade, revolta moradores da avenida Fleming. “Eles construíram esse muro e, desde então, é assim. Todo mundo até evita passar aqui. É muita água e lodo. É perigoso cair e machucar”, conta a cabeleireira Conceição Silva, de 53 anos.
Por causa da infiltração constante, o muro ameaça cair. “É muito perigoso. Tem muitos anos que está assim e nunca fizeram nada para resolver a situação”, destaca a diarista Maria das Graças do Carmo, de 50 anos.
Para o presidente da Associação Comunitária do Bairro Ouro Preto (Ascobop), Márcio Saldanha de Carvalho, a questão real é o desperdício da água que jorra do local o dia inteiro. “Ali corre água o tempo todo. A Copasa deveria aproveitá-la principalmente agora que estamos com os reservatórios em baixa. A comunidade precisa exigir que medidas sejam tomadas”, destacou.
RESPONSABILIDADES Segundo a construtora proprietária do terreno, a água do local seria acumulada pela chuva e não proveniente de mina d’água. Sobre a situação do muro, afirmou que tomará as providências necessárias.
A Secretaria Municipal de Meio Ambiente esclareceu que, mesmo com a água brotando do terreno, a área não é considerada de proteção ambiental. Por isso, os donos estão liberados para construir, realizando o devido desvio do recurso para a rede pública. (*) Com Letícia Alves