(André Brant)
Nenhuma empresa se interessou pela execução das obras de requalificação do espaço urbano no Polo de Moda de Belo Horizonte. Orçadas em R$ 10 milhões, as intervenções serão feitas em 20 trechos de sete ruas do Barro Preto, bairro na região central da cidade. O projeto prevê alargamento de calçadas, travessia elevada para pedestres, arborização, iluminação, instalação de mobiliário e extinção de 355 vagas de estacionamento rotativo, principalmente na rua Mato Grosso, que será fechada para o trânsito. O porquê da falta de interesse a Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap) ainda não sabe. Não tem, também, previsão de lançamento de outro edital. Os recursos estão assegurados desde 2012 e segundo a Sudecap, a demora não ameaça a verba. Projeto A previsão inicial era começar a requalificação em setembro de 2013 e entregar o bairro, renovado, 15 meses depois. Porém, um acordo entre a prefeitura e lojistas adiou a obra para após a Copa do Mundo, para que as intervenções não coincidissem com as planejadas para o Move. A requalificação é bem-vinda para o comércio local, segundo os lojistas do Barro Preto. A Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) entrevistou 99 empresários e 92% declararam expectativa positiva, de aumento nas vendas, após as obras. O coordenador do Conselho CDL Barro Preto, Fausto Izac, reconhece que haverá transtornos e prejuízos durante a intervenção, mas frisa que o retorno vai compensar. Compensação Segundo Izac, muitos comerciantes reclamam da extinção de estacionamentos e da falta de informação sobre o cronograma de obras por parte da prefeitura para que possam se organizar. “Já foi acordado que a obra será por etapas e os erros cometidos na Savassi não serão repetidos. Os lojistas precisam se planejar antes para evitar prejuízos financeiros”, afirmou, referindo-se aos transtornos causados ao comércio durante a revitalização da Savassi. Muitos lojistas temem que a extinção dos estacionamentos afaste os clientes, como a empresária Imperatriz Porto. Ela lembra que os consumidores de atacadistas precisam das vagas. “Também não temos garantia de que a obra durará só 15 meses. Pode ocorrer igual na Savassi e se arrastar por mais tempo do que o previsto”. Geraldo Lara, administrador da Galeria Chaves, com mais de 30 lojas, também teme o corte. “Sou a favor da requalificação, mas não concordo com este projeto. Vai prejudicar o comércio atacadista”. Temor de perdas O principal medo dos lojistas do Barro Preto é que erros cometidos durante a requalificação da Savassi se repitam na região; Segundo o coordenador do Conselho CDL Barro Preto, Fausto Izac, serão estabelecidos turnos de trabalho até 22h para acelerar as obras, bem como a colocação de tapumes baixos e iluminação, para garantir a segurança dos comerciantes e clientes. “Também queremos saber quando a intervenção estará na porta de cada um, assim como a indicação de quais lojas estão naquele quarteirão que estará fechado por tapumes. Após a obra entregue, queremos fazer um trabalho de marketing na região para convidar as pessoas a virem ao Barro Preto”, afirmou. Bairro virou Polo de Moda em 1978 O Barro Preto é considerado um dos bairros mais tradicionais de Belo Horizonte. O nome vem da argila escura e viscosa, além do solo pantanoso encontrado na região durante a construção da capital. A fama do lugar nem sempre foi positiva. Ocupado inicialmente por classes trabalhadoras, também foi reduto de maus elementos. Só na década de 1960, com o início da verticalização da cidade, o bairro mudou. A região começou a ser conhecida como Polo da Moda em 1978, quando várias lojas do setor ali se instalaram, como na Galeria Chaves, na avenida Augusto de Lima. O Barro Preto também abriga importantes edifícios de Be Horizonte, como a igreja de São Sebastião; a Maternidade Odete Valadares; o Hospital Felício Roxo e o Fórum Lafayette.