(Arquivo Pessoal)
Esperança e gratidão são os sentimentos que tomaram conta da enfermeira Salma Elisa Attoni, ao receber, nesta semana, a primeira dose da Coronavac, vacina contra a Covid-19. Coordenadora da UTI de Isolamento Respiratório da Santa Casa de Belo Horizonte, ela diz que, nestes dez meses de pandemia, a espera pelo imunizante era grande. “Achávamos que não ia chegar tão rápido e foi uma alegria enorme, porque temos visto muito sofrimento”, diz.
A unidade onde trabalha, explica a enfermeira, tem 50 leitos destinados a doentes graves, tanto com suspeita ou já diagnosticados com a enfermidade causada pelo novo coronavírus. “Atendemos a casos muito graves, a maioria está entubado, precisa do protocolo de prona (virar de bruços, para respirar melhor). É um tipo de paciente com que a gente nunca tinha trabalhado, tudo muito novo, estamos descobrindo ainda algumas coisas sobre a doença. Eles chegam aqui bem mais graves do que a gente estava acostumado a atender, por ser uma doença nova, sobre a qual há poucos estudos, e um vírus perigoso. O manejo desse paciente é muito recente, não tem um ano ainda”, detalha Salma Atonni.
Luta continua
Segundo a profissional, muitos doentes melhoram, “mas perdemos muitos e há funcionários afastados com a Covid-19. A vacina surge como uma luz. Sua chegada trouxe um sentimento indescritível, uma alegria enorme. Sabemos que a luta não acabou, que é o primeiro passo para vencermos essa pandemia”, pondera.
A Santa Casa informou ter recebido, na última terça-feira (19), 3 mil doses da Coronovac, para imunização, inicialmente, de servidores dos CTIs dos hospitais Respiratório e Geral e das enfermarias de Covid do Hospital Respiratório. Até está quarta-feira (20), 1.500 funcionários haviam sido protegidos. “A gente vê o brilho nos olhos deles. Há muito tempo eu não via isso nos olhos das pessoas”, celebra Salma Attoni.
Alívio no medo
A enfermeira acredita que, a partir da vacinação, profissionais de saúde da linha de frente vão trabalhar com um pouco menos de receio. “A gente fica muito tenso, com medo de levar o vírus para a família, de ver a equipe adoecer. A gente tem esperança de que daqui a pouco, com mais pessoas vacinadas, vão diminuir os números de internações”, avalia.
Salma revela que, nestes dez meses de trabalho direto com pacientes graves de Covid-19, encontrou o pai, de 66 anos, só duas vezes, para preservá-lo.
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